
Andar para trás
para o tempo dos ideais
do matrimónio
da disciplina à cacetada
a ler ou a dizer a tabuada
(pimba zás burro toma lá)
tempo só exemplar
na virtude imaginada
de quem hoje tem tudo
e só consegue ver
que não tem nada
para que conste
nas ruas dos ideais
crescia bosta de animais
vivia-se em casas nauseabundas
no estrume dos palhais
fétido ar vida atrasada
dinheiro por haver nem esperança
alimento parco cemitério próximo
que bom que era
a vida porca a falta de progresso
a liberdade ausente
no mais pequeno gesto!
deve ser grande o vazio que dá
a fartura a qualidade que hoje há
para se sonhar com ideais assim!
porque quem já viveu
e quem ouviu contar
viu e ouviu coisas
histórias de pasmar...
doenças por curar
chicote a chibatar
metralha a disparar
fim de vida assim
não de cem
ou de mil…
mas de milhões!
ninguém lembra já o isolamento de antes
solidão sem horizonte
preto e branco serranias
olhos vendados
sol a sol no ganha pão escasso…
meia dúzia apenas de barriga cheia!
só posso rir quando se diz
perante tamanha evolução…
“que mau que isto hoje está”
Tantas verdades num só poema. Está fantástico. Adorei. Zé
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