sexta-feira, fevereiro 01, 2008

portão da minha quinta

Que terna que és suave desejo permanente
portão da minha quinta em tempo de mimosas
sons melódicos melancólicos de sinos

de Espanha soprava um vento frio e seco
que arrefecia
mas também de lá aparecia o sol
que aquecia

a rodeira os canteiros de flores
o sabor macio e doce a feminino
que embriagava tantas vezes
um coração desolado Beira Serra

recantos bancos de jardim
fortuna de ser e de ter beijos
energia que nunca mais acabava
e que percorria
a raia de Espanha o cimo das muralhas dos castelos
o leito do rio

era bravia e terna a descoberta da vida
que me levaria a céus infernos
tantas vezes

amei tanto só para mim aqueles lugares
os muros as silvas com amoras
as moitas de carvalhos hortas ribanceiras
os carreiros os charcos com cegonhas
que me perdia entre a terra e o céu

só sentia medo quando percebia
que amava sozinho
um lugar onde era suposto estar
naquela idade

porquê tu me fazes hoje recordar
tão terna que és suave desejo permanente
o fio condutor melhor de mim
de uma estrada tão complexa?

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