sexta-feira, fevereiro 01, 2008

saudável rebeldia

Deslizando escorregando
travagens ruidosas no asfalto
chiam skates

claro que incomoda tanta chiadeira
não o grito rebeldia natural da pouca idade
em energética necessária canseira
mas porque os meus olhos ao vê-los
não aguentam
quando se recompõem ainda
do sono desperto madrugada inteira

desloco-me então uns metros para cima
até onde aquela chiadeira diluísse
e no sítio em que me sento por instantes
fica uma árvore a olhar para mim
e eu para ela

reparei bem nela tentava perceber
porque ficáramos assim os dois
se algo haveria para aprender
com ela

olhei

tronco erecto bem pregado ao solo
subi os olhos
fixando-os nas ramificações
e vi que os ramos cresciam
serpenteando como ondas do mar

sorri em mente semi-adormecida
associando a jovem rebeldia do skate
mais abaixo
à rebeldia daqueles ramos suaves
que via ali bem na minha frente

dengosos meigos insinuados sinuosos
a contrastar com o porte rígido erecto
do tronco pai
estando-se borrifando para o aprumo
linha recta
compostura ancestral que o tronco era

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