segunda-feira, fevereiro 12, 2007

separação

Ainda ontem
tinham-se um ao outro sempre perto
os lábios ardiam
sequiosos de se darem
de beberem
porque era seiva fresca
e amor total que ali havia

eram eles a primavera
pétalas de amendoeira em flor
nascentes cristalinas
risos de encantar

e de repente

que foi que se passou
que vento ali soprou
naqueles rostos fechados
zangados
perturbados

terminou tudo
o olhar
a saudade permanente de se terem
o partilhar singelo de uma vida quase toda
e que vinha dos bancos da escola

tudo insuportável agora
o amor
a amizade
o tanto de tudo num tempo grande
desbaratado assim

secou a fonte
sabe-se lá em que labirintos
raivas desamores
sabe-se lá quando e porquê

mas para quem os viu
e agora os vê
para quem foi deles admirador
amigo
é aterrador de ver
o pântano em que caíram
que está a consumir os restos
de um exemplo de amor
de uma partilha de vida

e como sempre
a partir daqui
nada mesmo nada
irá ficar como dantes

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