domingo, novembro 26, 2006

um tempo um olhar

Olhei os olhos dela permissão de estar
li a resposta na retina dilatada sorridente
e entendi que podia ficar

primeiro olhei devagarinho
sem magoar
depois entrei porque senti que podia entrar
entrei devagarinho depois bem profundamente
até ver aqueles olhos bem pertinho fundirem-se nos meus

como brilhavam e ficavam água macia

e com o tempo acontecia
uma cadência incontrolável de imagens palavras qu eu via e lia neles

espelho de mim aqueles olhos coração
fogo mar e céu em emoção
flor beijo mel rio e fonte
parque de toda a fantasia

em baixo enquanto o fogo do olhar acontecia
o meu corpo tremia
os impulsos que vinham de cima e a força deles
tiravam força às pernas e aos sentidos todos
e a minha mão perdia-se numa fogueira pequenina
sem saber o que fazia
tocando entretida um sítio algures escondido no corpo que a acolhia

intuitiva a minha mão sentia o aproximar inevitável do adeus
tentava em vão evitar o fluxo do tempo
pressionando o sítio bom onde pousara
mas o tempo é tempo e passa sempre
inexoravelmente
tinha chegado ao fim mais um momento mágico eterno

antes porém de se cumprir o fluxo inexorável do tempo
antes de se fecharem os olhos em devoto recolhimento
uma lágrima teimosa caía nas mãos que ainda se apertavam

tombou morna tranquila
naquelas mãos que se queriam como os olhos
baptizou-as para sempre em água de instante cor de rosa
regando-as com a palavra
AMO-TE

1 comentário:

  1. fizeste-me chorar:-( Um beijinho e obrigado por teres escrito isto x

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