domingo, novembro 26, 2006

não morro por sentir amor


Não perturbou nada quando eu julguei que perturbava
em círculo fechado próximo aconchegado
postura fetal de indescritível prazer
um coração batia o meu ouvido ouvia
como que queria sem querer que ele percebesse o meu acto de amor

Não aquele amor obsceno ocasional brejeiro
mas um amor maior que impelia o meu ser rumo a ele
no meu deixar cair-me sossegado
qual gato ronronando enrolado e dado
silêncio e paz de estar tão bem

Claro que o fazia com a educação toda que aprendi
não sou mestre nesta coisa de gostar
qualquer movimento mais pesado
ou necessidade de mexer um braço pôr a mão
tudo fazia comedido e com medo de estragar
que reacção haveria no coração que me acolhia
se eu desse ordens ao corpo para avançar

A arte de sentir pode não ser o que o corpo quer
manda o coração que se vá devagarinho
e que cada passo encontre uma resposta
como quando se pára no caminho e se descansa
antes de recuperar o fôlego e continuar a caminhar

Claro que apetecia ser louco zorba nu e tanto
claro que apetecia soltar o grito visceral
claro que apetecia VIVER ali o tempo que falta
claro que apetecia
nascemos para amar e para perder o juízo

Havia blusas e pele de tantas flores
havia odores havia gente havia lábios
homens mulheres suor
havia tudo para se enlouquecer
não no conceito de amar para morrer
mas no conceito de amar para viver

Que saúde que céu que tudo deve ser viver assim
ronronando suspirando encostando os corações e o resto
num enlace maior

Hoje vos digo companheiros
não morro por sentir amor
morro é se não ouvir-vos e ver-vos meus amores

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...