domingo, novembro 26, 2006

respiração profunda que incendeia

Na respiração profunda que incendeia
coração com coração
não me lembro bem que aconteceu
porque quando a alma solta fica só mesmo coração
coração tão grande como o sol

envolve aquece derrete
mãos rosto pernas enfraquecem
desaparecem
fica apenas manto de êxtase
um eu num tu dentro de mim
de que nem se sabe falar
nem escrever
nem recordar

talvez porque a mente não pode acompanhar
não consegue registar um tal sentir
e adormece
desiste
sai da festa

e só depois
quando a mente acordou
voltou a si
deu para entender que escapuli
desintegrei

que fui anjo milagre
diabo sacrilégio
mal e bem
tudo e tanto
longe e perto
onde não sei

só sei que sinto-me tão bem
com o olhar assim
feito farol incandescente
o peito sossegado ardente
as pernas inseguras
cambaleantes
um estranho vaguear de quem desperta
de quem não reconhece logo o terreno que pisa
e tacteia e estranha o que vê à sua volta

que só posso acreditar
que os meus sentidos me levaram
ao sítio melhor do universo

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