Nosso comentário:
Recebi via e-mail este interessante "arrazoado" de afirmações de um homem que até nem se pode considerar "velho".
É apenas um avô, isso sim. No final do texto verão a idade dele.
Creio que o "arrazoado" de respostas que dá quando questionado pelo seu neto, não é recente, de qualquer maneira nunca o tinha lido e o seu conteúdo faz realmente pensar. Especialmente os mais distraídos...
O estimado leitor, se já o conhece, passe adiante, não ligue.
Se por acaso não leu e/ou não conhece, aconselho a que perca um ou dois minutinhos a ler o conteúdo.
É espantoso como estas últimas décadas têm sido pródigas em mudanças. Uma velocidade espantosa.
Atrever-me-ia a dizer que o que serve para hoje pode já não servir para amanhã.
Teremos por isso de nos esforçar por uma adaptação permanente a tão rápidas transformações, avanços, mudanças.
Como que nos é exigido um "upload" de atualizações das coisas da vida pessoal e coletiva, tal como fazem os computadores para os seus programas.
A consequência trágica de não fazermos essas atualizações permanentes, que são muitas e diversas, poderá designar-se em linguagem metafórica por uma espécie de "perda do comboio da vida".
Ora leiam:
António Esperança Pereira
Texto: O Avô e o Neto
Então, de repente, o neto perguntou:
- Quantos anos tem, avô?
E o avô respondeu:
- Bem, deixa-me pensar um momento...
Nasci antes da televisão, e já crescidinho apareceu, com um único canal e a preto e branco.
Nasci antes das vacinas contra a poliomielite, das comidas congeladas, da fotocopiadora, das lentes de contacto e da pílula anticoncepcional.
Não existiam os radares, os cartões de crédito, o raio laser nem os patins on-line.
Não se tinha inventado o ar condicionado, as máquinas de lavar e secar, (as roupas secavam ao vento) e frigoríficos quase ninguém tinha.
Pouca gente tinha automóvel ( contavam-se pelos dedos ) e não havia semáforos por não serem precisos.
O homem nem tinha chegado à lua.
A tua avó e eu casámos e só depois vivemos juntos e em cada família havia um pai e uma mãe.
"Gay" era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual.
Das "lésbicas nunca tínhamos ouvido falar e os rapazes não usavam "piercings."
Nasci antes das duplas carreiras universitárias e das terapias de grupo.
Não havia computador, comunicávamos através de cartas, postais e telegramas.
"Mails, chats e Messenger", não existiam. Computadores portáteis ou Internet nem em sonhos...
Estudávamos só por livros e consultávamos enciclopédias e dicionários.
Chamava-se a cada polícia e a cada homem "senhor" e a cada mulher "senhora".
Nos meus tempos a virgindade não produzia cancro.
As nossas vidas eram governadas pelos 10 mandamentos e bom juízo.
Ensinaram-nos a diferenciar o bem do mal e a ser responsáveis pelos nossos actos.
Acreditávamos que "comida rápida" era o que comíamos quando estávamos com pressa.
Ter um bom relacionamento, queria dizer dar-se bem com a família e amigos.
Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava as férias juntos.
Ninguém conhecia telefones sem fios e muito menos os telemóveis.
Nunca tínhamos ouvido falar de música estereofónica, rádios FM, Fitas, cassetes, CDs, DVDs, máquinas de escrever eléctricas, calculadoras (nem as mecânicas quanto mais as portáteis).
"Notebook" era um livro de anotações.
"Ficar" dizia-se quando pessoas ficavam juntas como bons amigos.
Aos relógios dava-se corda todos os dias, mesmo aos de pulso.
Não existia nada digital, nem os relógios nem os indicadores com números luminosos dos marcadores de jogos, nem as máquinas.
Falando de máquinas, não existiam as cafeteiras eléctricas, ferros de passar eléctricos, os fornos microondas nem os rádios-relógios despertadores. Para não falar dos vídeos ou VHF, ou das máquinas de filmar minúsculas de hoje...
As fotos não eram instantâneas e nem coloridas. Eram a branco e preto e a sua revelação demorava mais de três dias. As de cores não existiam e quando apareceram, a sua revelação era muito cara e demorada.
Se nos artigos lêssemos "Made in Japan", não se considerava de má qualidade e não existia "Made in Korea", nem "Made in Taiwan", nem "Made in China".
Não se falava de "Pizza Hut" ou "McDonald's", nem de café instantâneo.
Havia casas onde se compravam coisas por 5 e 10 centavos. Os sorvetes, os bilhetes de autocarros e os refrigerantes, que se chamavam pirolitos, tudo custava 10 centavos.
No meu tempo, "erva" era algo que se cortava e não se fumava.
"Hardware" era uma ferramenta e "software" não existia.
- Fomos a última geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho .
Agora diz-me, quantos anos achas que tenho?
- Meu Deus, Avô! Mais de 200! - disse o neto.
- Não, querido. Tenho 65!
DÁ QUE PENSAR, não?