
Dá para perceber que os sistemas democráticos estão inquinados. Sim inquinados como os pântanos, charcos, que se formam nos campos quando chove.
A água fica lodo, imprópria para consumo do mais rude camponês ou pastor que por ali vegete.
Assim está a democracia.
Um lamaçal.
Em vez de cair chuva como no caso dos charcos do campo, fazem-se eleições. Finge-se que há múltiplas escolhas.
Pingam cidadãos de todos os lados cuidando que se fará alguma luz nas suas vidas com o ato de votar.
As mesas de voto desempenham na perfeição essa ilusão de que se trata de algo muito especial. As eleições.
Liberdade, democracia, participação.
É hoje!
Lá estão as escolhas, o boletim de voto. Hoje sim é dia de mudar o presente, de contribuir com algo para a mudança, para um futuro melhor.
Tudo vai mudar, pensa-se, a esperança renasce, trocam-se olhares.
Anseia-se pela decisão.
Fecham as urnas pela tardinha. As televisões enchem as casas com o ato eleitoral.
É desta. Oxalá que sim. Deus o ouça. Vamos ganhar. Há que correr com eles. Com esta vergonha.
Os resultados aparecem. É já noite.
Ganhámos. Corremos com eles. Ficaram em minoria. Que bom. É agora.
Entretanto, aparecem os mandantes, os comentadores de serviço, as mesas redondas. Tudo desmontam. O que parecia, não é.
Ganhámos, perdemos?
Tudo na mesma? outra vez?
Tem que ser. Dizem os alemães. Diz o Presidente. Diz o vizinho eloquente.
Mas...
Achei melhor calar-me e fui para a cama cabisbaixo.
Para que seria que fomos votar se só pode haver um caminho?
Era apenas isto que me atormentava o sono.
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
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