terça-feira, janeiro 17, 2012

vespas, milhões, boca do inferno

Ponto da situação

Passos Coelho bem avisou que iria fazer cortes na despesa. Só não disse que era na nossa. A nossa despesa com alimentação, habitação e transportes está cada vez menor...

Os portugueses vivem hoje num país nórdico
: pagam impostos como no Norte da Europa; têm um nível de vida como no Norte de África. Como são um povo ao qual é difícil agradar, ainda se queixam. Sem razão, evidentemente.
A campanha eleitoral foi dominada por uma metáfora, digamos, dietética: o Estado era obeso e precisava de emagrecer. Chegava a ser difícil distinguir o tempo de antena do PSD de um anúncio da Herbalife. "Perca peso orçamental agora! Pergunte-me como!" O problema é que, ao que parece, um Estado gordo é caro, mas um Estado magro é caríssimo. Aqueles que acusavam o PSD de querer matar o Estado à fome enganaram-se. O PSD quer engordá-lo antes de o matar, como se faz com o porco. Ninguém compra um bácoro escanzelado, e quem se prepara para comprar o Estado também gosta mais de febra do que de osso.

Embora o nutricionismo financeiro seja difícil de compreender, parece-me que deixámos de ter um Estado obeso e passámos a ter um Estado bulímico. Pessoalmente, preferia o gordo. Comia bastante mas era bonacheirão e deixava-me o décimo terceiro mês (o atual décimo segundo mês e meio, ou os décimos terceiros quinze dias) em paz.

Enfim, será o preço a pagar por viver num país com 10 milhões de milionários. Talvez o leitor ainda não tenha reparado, mas este é um país de gente rica: cada português tem um banco e uma ilha. É certo que é o mesmo banco e a mesma ilha, mas são nossos.
Todos os contribuintes são proprietários do BPN e da Madeira. Tal como sucede com todos os banqueiros proprietários de ilhas, fizemos uma escolha: estes são luxos caros e difíceis de sustentar. Todos os meses, trabalhamos para sustentar o banco e a ilha, e depois gastamos o dinheiro que sobra em coisas supérfluas, como a comida, a renda e a eletricidade.

Felizmente, o governo ajuda-nos a gerir o salário com inteligência. Pedro Passos Coelho bem avisou que iria fazer cortes na despesa. Só não disse que era na nossa, mas era previsível. A nossa despesa com alimentação, habitação e transportes está cada vez menor.
Afinal, o orçamento gordo era o nosso. Agora está muito mais magro, elegante e saudável. Mais sobra para o banco e para a ilha.
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Nosso comentário

Destacamos hoje o comentário de Ricardo Araújo Pereira. Um comentário "light" que não ofende ninguém, mas que traduz bem a desilusão que deverão estar a sentir quantos acreditaram que algo, após a vitória do psd de P. P. Coelho, iria mudar para melhor.
É o que se vê. Boys, troca de vespas por bmw, substituição do cozido à portuguesa e outros pratos de nomeada da nossa rica gastronomia, pela "SOPA DOS POBRES".

Multiplicam-se ações de caridade como em tempos de antanho, acorre-se ao desprotegido, ao esfomeado, ao doente, com uma migalha de uma qualquer organização caritativa, gente com problemas de consciência: os tais do BPN, os tais da Ilha, de que fala o Ricardo Araújo Pereira.
O Estado em vez de emagrecer, promessa eleitoral, engorda com o roubo de todos nós, não por redução de boys, ou redução de frotas de carros de luxo, ou salários mais comedidos dos mais poderosos, mas através de impostos nunca vistos, roubo de reformados, pensionistas, rendição sem honra ao Portugal de gatas perante os cães (invisíveis uns, visíveis outros)

Portugal não pode ser um país de mão estendida. Falta visão, um movimento que nos alavanque para o que realmente somos se quisermos: "um país no centro do mundo" não o país atrasado que interessa aos senhores que só sobressaem se os outros não tiverem educação, cultura, ferramentas para serem independentes e prósperos.
Querem portugueses dependentes da côdea e da esmola, da cunha, do favor...

País desistente das suas valências de modernidade, que diz pela voz do governo aos seus, coisa nunca vista antes em governantes, com tal despautério, que emigrem!!!
Estado engordado pelo roubo, pela falta de caráter, pela ausência de liderança, pela aceitação pacífica da fraude que é, aos olhos de quem quer ver, essa denominada "ajuda" da TROIKA.
Estado engordado por nós, povo português, dinheiro que nos roubam aos milhões, levado para fora de Portugal pelas mãos da TROIKA e outras mãos.
Empresários definham, o emprego por isso some, roubam-se pensionistas e reformados, escorraçam-se os jovens, tira-se poder de compra em quem podia manter a economia a funcionar.

Nem um sonho sequer, num povo que, se está vivo, foi porque  teve sempre a ousadia de sonhar!
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Fiquem bem,

António Esperança Pereira


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2 comentários:

  1. É dificil transpôr em palavras o que me vai na alma, que é certamente
    o sentir de muitosssss portugueses.
    Estamos mais tristes,com menos sonhos.
    A todo o custo querem nos muito cinzentões.
    Assino "de cruz"o post que, mais uma vez vai ser aplaudido pelas
    pessoas que diariamente passam pelo teu blog.
    Por favor não esqueçam:"o sonho comanda a vida"
    Abraço
    Carmo

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  2. Carmo obrigado pelo comentário e pela força.
    Sim sem dúvida há muitas pessoas a seguir o que escrevemos, o que nos deixa confortados.
    Este luso pessimismo retornado à cena deixa-nos efetivamente tristes.
    Infelizmente para Portugal, há sempre quem goste mais assim.
    No meio da miséria, é mais fácil sobressair sem grandes talentos.
    Um abraço

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