

Quer a tomada de posse de um Presidente da República, quer um festival da canção, qualquer dos eventos tem a sua importância na sociedade portuguesa.
Habituei-me a pouco quando o tempo ainda era de vacas magras, daí que o festival da canção era das poucas coisas com um cheirinho a modernidade que havia.
Depois a música da eurovisão era fresca numa altura em que Portugal nada tinha de fresco, bem pelo contrário.
Esquecia-se por instantes o país naufragado por dezenas de anos de salazarismo.
A tomada de posse do Presidente da República é um bom sinal, pelo menos que a República continua.
os eventos em si: assisti a ambos, ambos deprimentes.
Imagem para o exterior: péssima
Imagem para o interior: de divisão
Em relação à canção vencedora, tive saudades do Grande Zeca Afonso que era autêntico, não tinha nada de palhaço (no sentido pejorativo do termo) com suas canções e uma viola enfrentava com audácia um regime colonialista, ditatorial, militarista, policiado, vigiado, etc. deu imensa esperança a uma juventude sacrificada e sem futuro.
Canção vencedora: uma palhaçada
Quanto ao discurso do PR fiquei perplexo: propõe uma espécie de revolta, revolução, levantamento, não sei bem como, nem aonde, nem porquê, nem para quê, à sociedade civil.
Como se ele próprio não tivesse nada a ver com o estado desta economia liberal, ele, um ilustre Professor, que anda nos mais altos cargos políticos do país, há mais de 20 anos!
Quem será o "Che Guevara" da coisa, da tal indignação, revolta, revolução, interroguei-me?
Pelos aplausos das bancadas do Parlamento, ficou-se a saber que será uma revolução de direita e de extrema direita.
só pode...
só essa direita e extrema direita o aplaudiram.
Felizmente que acontecimentos destes não os há todos os dias, porque se os houvesse, o meu país sofocaria de depressão crónica.
Discursos presidenciais destes não ficam na memória, graças a Deus.
Vencedores de festivais, só os melhores deixam a sua marca.
Apesar disso, das defesas inatas que todos temos contra o que nos causa dano,
que Portugal se cuide...
Portugal merece melhores discursos e melhores canções.
Faço a pergunta na sequência do discurso presidencial: "a revolução será por mais fartura, ou por mais falta de dinheiro para os mais pobres?"
fica o poema,
GRANDE SUPERFÍCIE COMERCIAL
Produtor inventivo
investidor
comerciante pescador
tudo ali a despejar
armazém a abarrotar
a ideia é vender
ele é livros é cd’s
kitchnet wc
carne fresca congelados
luxos caros
mais baratos
consolas dvd’s
amplas ruas de produtos
ali praia artigos auto
além móveis louças finas
chicletes bicicletas
nabos couves hortaliças
lingerie
farinheiras e chouriças
prateleiras a abarrotar
arrumadas em secções
o dinheiro de quem compra
a faltar
empresa tem que produzir
quer crescer
vender
só que o comprador
sente o dinheiro a mingar
minga empresa
sem vender
seca o bolso no comprador
ciclo económico a falhar
muito fica por vender
muito fica por comprar
meus olhos partem já piscos
tanta a fartura arrumada
levam o carrinho vazio
nesta economia cansada
António Esperança Pereira, Bubok Editora
Adorei mesmo a tua noticia.
ResponderEliminarEstá muito bem conseguida. Realmente são dois acontecimentos que merecem reflexão
e preocupação. Sendo factos que numa primeira olhadela ,parecem nada ter a ver....não
é assim. Ambos transmitem uma imagem muito triste e deprimente do nosso querido país.
E digo querido do coração mesmo. Adoro visitar outros países ,mas o nosso Portugal
é único,tem qualidades que jamais encontramos noutro país.
Criticar é saudavel,agora palhaçadas de mau gosto que se pretende levar para fora...dá uma imagem muito"rasca"
labrega,que não corresponde á nossa realidade.
Quanto ao SR.P.R.pois não é assim tão bom em economia....como nos quer fazer querer...
E, atenção, estar muito tempo em evidência politica pode ter custos perigosos.
Termino concordando com a tua referência a Zeca Afonso:podemos,devemos ser criticos mas palhaços???não.
Leta
Leta obrigado pelo comentário.
ResponderEliminarTenho para mim que qualquer pessoa, qualquer comunidade, qualquer país, se não fizer algo por si, ninguém fará.
A imagem que cada um de nós tem de si próprio, conta.
Uma comunidade, um país serão o somatório dessas imagens (com melhor auto-estima, sentido de presença, esperança, confiança, acção, etc)
Acredito que esta juventude está no bom caminho. Tem um país por explorar, para amar, um mundo muito mais próximo do que era dantes.
E Portugal está cá, no sítio melhor do planeta: O CENTRO DO MUNDO!
Um abraço