terça-feira, agosto 04, 2015

Um chuto no cu do pobre



Nosso comentário:


Em véspera de eleições não só em Portugal mas em outros países, não quero meter a foice em seara alheia nem apontar desde já o dedo a este ou àquele partido, a esta ou aquela ideologia mais à esquerda ou mais à direita.
Todavia, mostra-nos a vida, também a realidade das redondezas de cada um, que há muita coisa que pregamos,, que defendemos, de que somos intransigentes defensores, independentemente da cor política...
Mas em boa verdade se diga que uma boa parte de nós quando essas ditas coisas que defendemos, que pregamos, em justa causa teórica, a verdade real ressalta bem outra.
Nem é preciso recorrer à dificuldade que temos em lidar em nossa casa com a diferença: outra raça, outra etnia, outra nacionalidade, outra religião, outro clube, etc etc.
Dizemos que somos tolerantes, solidários, humanos, espírito aberto e flexível, se essa solidariedade, essa transigência, essa flexibilidade, esse humanismo, se mantiverem longe dos nossos problemas, do nosso raio de ação pessoal ou familiar, do nosso bairro, vila ou aldeia.
De outro modo, quando nos toca lidar com a diferença, com o sairmos da nossa zona de conforto, do nosso comodismo modal, "aqui d'el rei quem nos acode".
Veja-se o exemplo mais atual e que nos chega todos os dias através de imagens divulgadas pelos órgãos de comunicação social.
Vêm do norte de África, do sul de Itália, da Grécia, mais recentemente de França, de Calais, do Canal da Mancha, Reino Unido.
Aí chegam às centenas, milhares, dezenas de milhar, fugitivos da miséria, das guerras dos seus países, em busca de abrigo, acolhimento, alimento, trabalho, em suma, uma possibilidade de sobreviverem à fome, à guerra, à destruição maciça dos seus países.
O que encontram eles na França da "Liberté, égalité, fraternité"?
Um chuto no cu.
O que encontram eles na Inglaterra campeã da liberdade e da democracia parlamentar?
Um chuto no cu.
De salientar que os que são assim tratados e enxotados como se de uma praga de gafanhotos se tratasse e não de seres humanos, são os que sobreviveram por essa Europa fora até ali chegar, os que não morreram por naufrágio no Mediterrâneo.
Pois é: 
Em teoria muitos de nós nos apregoamos de democratas, amigos fixes e solidários. Na prática é cada vez mais o chuto no cu naqueles que não tiveram a sorte de nascer num país rico, fino e culto.
O que nos está a levar até aqui? o que está a matar os ideais democráticos? 
Isso é muito difícil de explicar. É mais fácil, para já, adivinhar as gravíssimas consequências dos novos procedimentos das "ditas democracias".

 Fiquem bem,
António Esperança Pereira


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