Text&poesia: proibido cuspir, urinar...

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

proibido cuspir, urinar...

Rui Rio quer proibir que se cuspa no chão

A Câmara do Porto quer alterar o seu Código Regulamentar com novas regras e sanções para os ‘graffiti’ e cartazes, proibindo ainda cuspir no chão, urinar, fazer limpezas domésticas e lavar carros na via pública.

A proposta do presidente da autarquia Rui Rio, a que a Lusa teve acesso, altera a última revisão do código, de Março de 2011 e vai ser votada na reunião camarária de terça-feira.

No domínio das interdições, passa a ser proibido "urinar na via pública" e "cuspir para o chão".

O código estipula ainda a proibição de lavar veículos na via ou em espaços públicos.

Qualquer operação de "limpeza doméstica que implique o derramamento de água para a via pública" fica impedida entre as 08h00 e as 23h00.

O mesmo é válido para a lavagem de montras, portadas ou passeios, entre as 10h00 e as 19h30.

"Lançar, despejar ou abandonar quaisquer resíduos ou produtos fora dos recipientes destinados à sua deposição" também não é permitido, tanto nos "espaços públicos" como naqueles que sejam "visíveis do espaço público", escreve-se num dos anexos da proposta.

A câmara quer ainda interditar a afixação de "cartazes, inscrições com ‘graffiti’ ou outra publicidade em árvores, mobiliário urbano, equipamentos municipais ou imóveis visíveis do espaço público".

As novas regras e sanções para os ‘graffiti’ são impostas em nome da "firme defesa do património público e privado e do asseio da cidade do Porto", explica Rui Rio na proposta.

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Nosso comentário

Aí estão medidas do caraças.

Até bati palmas aqui sentado junto ao pc.

Parece que tudo se encaminha, com esta orientação político partidária, para uma limpeza geral do país.

Cuspir no chão é feio, urinar também, faz parte da educação que já se incutia, sem grande êxito diga-se, nos tempos da outra senhora (ditadura) e uma pregação de bons costumes é sempre bem vinda num povo como o nosso, que vem "nadando em cultura"especialmente desde que esta foi despromovida ao ser gerida por um secretário-geral em vez de um ministro.

Portugal vai de vento em popa, só quem é cego ou muito distraído se não dá conta disso, o próprio PM afirma hoje com palavras sábias que é a poupar que se cresce (mais ou menos isto) bancos com prejuízos, empresas a falirem, famílias em insolvência, cidadãos a emigrar, velhinhos a ser roubados, enfim...

mas valha-nos ao menos este autarca nortenho empenhado em "limpar" ainda mais a cada vez mais "limpa Pátria Lusa".

Oxalá consiga pelo menos meter os "mais porcos" na ordem.

Rui Rio está certo, sujidade não é coisa que dê aspeto nem saúde a ninguém. E que diabo em tempos de águas paradas há que fazer alguma coisa para ocupar o tempo.

A ideia de limpar é só por si interessante, mas com a conjuntura de carência de quase tudo que se vem agudizando, tememos que esta medida autárquica peque por tardia.

Com tanta austeridade, será que vai chegar o dia (oxalá que não) em que já nada haverá dentro de cada português para cuspir, objeto ou alimento para deitar fora?

Mesmo os resíduos, os lixos, com tanta fábrica em falência, tanta ausência de dinheiro para adquirir produtos geradores de lixo...

será que se justifica?

a lavagem de montras, com as lojas a fugirem cada vez mais para as grandes superfícies, ou mesmo a fecharem também?

Para finalizar esta intuitiva reação que nos mereceram as "corajosas medidas de RR", terminamos nosso comentário com a malandrice do autarca em apreço que quase passa despercebida ao leitor.

Aproveita a limpeza de lixos para dar uma valente machadada em atos que ainda há bem pouco tempo eram considerados naturais, modernos, de afirmação artística, de liberdade, também de protesto por parte da juventude: referimo-nos aos graffiti, cartazes, etc.

Mas... mudam-se os tempos mudam-se as vontades!!!

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Fiquem bem,

António Esperança Pereira