
Em tempo de surrealismo político, social e económico peço-lhes que não leiam o que hoje escrevo que é também surrealista.
Tenho usado este espaço, o meu blogue, para cultivar algum optimismo quando me parecia ser útil cultiva-lo.
Fiquei atónito, escrevi-o então, quando a Europa deixou a Grécia cair na situação em que se encontra. Basta olharem-se as imagens que passam na televisão:
está mal mal mal!
A Grécia, recordo, é só o berço da cultura dita ocidental…
mereceria um tal castigo?
Voltei a ficar atónito quando o chamado “milagre irlandês” virou pesadelo. A Europa? Onde estava a Europa, a poderosa CEE/UE para lhe deitar a mão solidária?
Em lado nenhum.
Nada poderia ter sido feito para evitar a vergonha? sua e da UE?
Agora foi a vez de acabar com o sonho português.
A Europa a cortar ranking atrás de ranking dificultando a nossa vida.
Sim Portugal até estava bem, modernizava-se, avançava, só que não merecia tanto entre os seus pares faustosos, poderosos e ricos.
Toca de o arrear, de o deitar abaixo, de o achincalhar. De o fazer voltar aos tempos daquela auto-estima dos bidonvilles de Paris.
Português analfabeto a trabalhar nos esgotos, nos trabalhos mais pesados. Era até gabado por trabalhar tão bem em tais trabalhos de sarjeta.
Sabe-se que pobre com camisa lavada assusta rico.
Portugal Hoje, não só estava de camisa lavada mas estava com muitos sonhos e grandes realidades. Esse foi o nosso pecado recente: SONHAR!
Talvez o pecado de Sócrates!
Depois disto, quem como eu tinha ilusões com uma União Europeia a crescer e engrossar solidária de mãos dadas, uma Europa Unida, grande forte, com um querer maior, que as perca.
Não existe uma equipa europeia. Neste momento o que há é um salve-se quem puder, um desnorte total, até prova em contrário.
Reflictam nisto portugueses.
Para concluir, faço-o com o surrealismo de que falei.
Encontrei uma saída airosa para mim.
Tenho duas nacionalidades: PORTUGAL e o BENFICA
Alargo esta minha ideia a qualquer filiação clubística, sem quaisquer complexos.
Enquanto cá estiver o FMI e seus acólitos serei só do Benfica, assim um português de águia ao peito, coração igualmente rubro, perdido e achado pelo mundo. Não lhes estenderei o tapete nem me vestirei de branco como os anjinhos para receber a sua “AJUDA”(?).
Que ajuda?
Vêm buscar pura e simplesmente o que nos venderam.
Lembram-se? Toma cartão, toma crédito, compra vá compra, mais e mais. Um carro dois carros três telemóveis, Mais um carro, uma bicicleta, uma mota, um LG, dez computadores…férias caras, toma que o banco paga. Leva que o crédito dá-te tudo o que quiseres.
Paga mas é o caraças. Dá mas é o caraças. Eu recebia montes de ofertas de cartões de crédito, vocês também; montes de promoções, telefonavam, vinham a casa, iam aos empregos: toma toma tudo a crédito vá!
prometeram-nos este mundo e o outro, a vocês também.
Agora?
Gastaste? Consumiste a mais? Eles que impingiram gato por lebre sempre que puderam, sempre que quiseram, dizem-nos: PAGA que te comportaste mal. Trabalha mais ganha menos, gasta menos.
Dá cá o que te vendemos.
Custa a engolir não?
EUROPA QUE MUDE DE PARADIGMA SE NÃO COMO UNIÃO DE AFECTOS, DE PARTILHA, NUNCA MAIS LÁ VAI!
Não me arrependo de ter acreditado e acreditar na Europa. Não nesta que agora meus olhos vêem, que dá sapatada nos seus, que quer cultivar a divisão de bons e maus, nesta europa (com e pequeno) não acredito mais.
E se Portugal com a vinda dessa “ajuda FMI” ficar um sítio irreconhecível para quem tanto o ama, preferirei ir, seguindo Pessoa, para um qualquer sítio onde se fale a LÍNGUA PORTUGUESA. A minha Pátria será a LÍNGUA PORTUGUESA como era a Pátria de Pessoa.
Dou preferência no meu jeito pessoal a um sítio que tenha perto uma CASA DO BENFICA.
Ninguém me há-de tirar a alma em troco de uns cifrões envenenados.
Direi que sou do Benfica se Portugal disser que é do FMI.
A alma é muito importante amigos, não deixem que vo-la tirem, SONHEM!
António Esperança Pereira
É francamente impossível comentar um "desabafo" destes.
ResponderEliminarEstá de tal maneira tão impecável,que as palavras para o comentar
são insuficientes....
Pois concordo plenamente."Deram-nos" tanto,fizeram nos acreditar que
podíamos sonhar sem limites(quase).....e agora???
"O sonho comanda a vida"...será que já não podemos sonhar, nem que seja
um pouquinho????
Nem quero pensar nisso...acredito em nós Portugueses....que se ponham
a milhas os velhos do Restelo...para a frente sempre...PORTUGAL!!!!!
Leta
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarLeta obrigado pelas palavras simpáticas sobre o meu "desabafo".
ResponderEliminarOxalá os regimes de direita que vigoram actualmente na maioria dos países da União Europeia, curiosamente ao contrário dos USA, não deitem a perder a Europa social e solidária.
O bom senso e o sentido de futuro dos seus dirigentes, de direita ou de esquerda, hão-de prevalecer para bem deste projecto tão inspirador que é a EUROPA UNIDA.
Leta, "por morrer uma andorinha não acaba a Primavera";)
Um abraço
Como não podia deixar de ser, ora aí está a assistência financeira externa... Não posso deixar de lamentar que a mesma só tenha ocorrido após tamanha pressão dos banqueiros. Assusta o poder da banca e sobretudo assusta a impotência da classe política. Quanto à banca é verdade que somos cada vez mais somos consumidores que cidadãos e como tal, inevitavelmente, a banca assume um papel determinante. Quanto à classe política lamenta-se a ausência de entendimento, a insistência na prática de políticas destrutivas, sempre dando prioridade aos interesses partidários do que propriamente aos interesses nacionais. Preocupa-me a atitude silenciosa do PR que deveria sem dúvida ser mais interventivo e apelar à união de todos. Independentemente de quem seja o próximo governo, as medidas a adoptar pelo FMI são mesmo para cumprir. Não adianta fazer promessas em plena campanha eleitoral sob pena de não serem passíveis de concretizar. É urgente a classe política recuperar a sua credibilidade numa altura fundamental e crucial do nosso país. Só assim julgo ser possível transmitir confiança, determinação e optimismo a todos os portugueses para junto vencermos o que temos pela frente. FORÇA PORTUGAL!
ResponderEliminarJosé obrigado pelo comentário. Partilho a opinião de que os políticos têm que recuperar a credibilidade.
ResponderEliminarO mesmo com as outras profissões também elas têm de recuperar credibilidade.
Falas nos banqueiros, e bem, aí está uma das que bem precisam de recuperar credibilidade e de nos sossegar.
Em Portugal há uma tradição política em que o Governo (os governantes) é que são os culpados. São sempre os outros, nunca nós. Pomo-nos de fora. Dá jeito;)
Ora bem afinal de contas governo somos todos nós, porque nós é que os elegemos.
No entanto dizemos: ELES isto ELES aquilo... ELES é que têm a culpa, nunca nós que os elegemos e somos por isso co-responsáveis.
Portugal somos todos sem excepção
Há que mudar muita coisa, a começar pela atitude de cada um.
Só assim poderemos mudar alguma coisa em Portugal e na Europa, que bem precisam.
Um abraço