segunda-feira, abril 25, 2011

25 de Abril (apontamento breve)


Quando se fala da data "25 de Abril", é inevitável a associação que se faz de imediato ao que também foi designado por "revolução de Abril" ou "revolução dos cravos".
Esta revolução ocorreu no ano de 1974, daí que, embora se trate de um acontecimento recente (com apenas 25 anos na data em que este texto é escrito) muitos jovens que começam já a ter responsabilidades profissionais de certa monta, pouco ou nada recordam ou sentem sobre a data memorável que é o "25 de Abril".
Daí a razão de ser destas linhas, que se destinam sobretudo aos que nasceram depois daquela data, ou que tinham então poucos anos de idade e por isso não puderam participar e assimilar o que estava realmente a acontecer.
Portugal vivia num regime autoritário havia mais de 40 anos. Foi um tempo de repressão policial, de intolerância, de censura, de muitas coisas que revoltavam o povo português. Havia a guerra nas colónias e o regime de Salazar tentava manter a todo o custo um império que já não encontrava paralelo nas outras potências colonizadoras da Europa.
O desgaste provocado pela guerra colonial aliado ao atraso em que Portugal cada vez mais se encontrava e que obrigava milhares e milhares de portugueses a emigrarem para o estrangeiro (sobretudo para França) para aí encontrarem melhores condições de vida, ajudaram a que a revolta aumentasse e a certa altura se tornasse inevitável o confronto.
Foi então que surgiu um movimento liderado por militares, que ficaram conhecidos por "capitães de Abril", que, ocupando sítios estratégicos e com o apoio incondicional da população, prenderam o então líder do governo, Marcelo Caetano, que sucedera poucos anos antes, a Salazar.
Nas ruas da capital havia multidões a perder de vista, cantavam-se canções de liberdade e de apoio ao MFA (movimento das forças armadas). Gritavam-se "slogans" como: "fascismo nunca mais"; "viva a liberdade"; "morte à ditadura"; "morte à PIDE".
Era também a festa de regresso a Portugal de intelectuais e políticos ilustres que viviam exilados no estrangeiro.
Entre esses, citem-se, apenas a título de exemplo, os casos de Mário Soares, Álvaro Cunhal e Manuel Alegre.
Logo a seguir ao "25 de Abril", sucedeu-se um período conturbado de luta pelo poder, estando sempre iminente uma guerra civil. Havia manifestações populares por tudo e por nada, em apoio ou contra isto ou aquilo, esta ou aquela figura política.
Foi também o tempo de alguns exageros de sinal negativo, como aliás os há em todas as mudanças profundas.
Foi o caso dos saneamentos selvagens de certas pessoas, feitos em julgamentos sumários e públicos acusando-as muitas vezes do que não eram, bem como certos radicalismos que tentavam através de um protagonismo oportunista e exagerado controlar o país.
Mas o bom senso prevaleceu e os partidos políticos foram solidificando a sua influência na sociedade civil. Ao mesmo tempo que isso acontecia, os militares regressavam aos quartéis cedendo o poder aos políticos como deve ser numa sociedade democrática.
Foi então que começou o "Portugal democrático" onde cada português passou a ter direito a pensar livremente: a ser socialista, comunista, democrata-cristão, ou outra qualquer tendência ideológica, sem que por isso fosse perseguido.
Esta foi, sem sombra de dúvida, uma das maiores conquistas trazidas pela "revolução dos cravos": A conquista da "LIBERDADE". A outra grande conquista foi a "PAZ" alcançada com o fim da guerra colonial. A terceira grande conquista foi a "DEMOCRACIA", com a legalização dos partidos políticos.
Fruto do 25 de Abril, o regime democrático em que vivemos, é tolerante, aberto a todas as correntes de pensamento.
Tem um Presidente da República eleito através de sufrágio universal, o mesmo sucedendo com o Parlamento e as Autarquias.
É o Parlamento quem confere legitimidade ao Primeiro-ministro e o seu Governo para governarem o país. Os Tribunais são o garante do cumprimento das leis.
Por isso dizemos hoje que Portugal é um país livre e democrático.

In "TEXTOS DISPERSOS DO EU" de António Esperança Pereira

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