
Ondas deprimentes de profunda crise
anunciada explorada instalada
a Rússia a arder
a Índia o Paquistão com cheias de afogar gente
Iraque Afeganistão sempre a morrer
o Médio oriente para não variar
sem encontrar
solução para a porrada
em contraste aqui bem perto
papo para o ar a bronzear
notícias de diárias milionárias
de férias em ressorts de luxo
de arrepiar a mente
notícias de vendas do que é caro
a crescer a pique
ao invés o pequeno bem
a penar
esperando a sua vez
para ser vendido ao desbarato
é mais crise “prós tostões “
menos crise “prós milhões”
os noticiários já se vê
mostram a coisa má de preferência
sublinham com veemência
aquele mundo medonho
feito pesadelo que nos tira o sonho
escrevo isto sentado num sofá
num centro comercial
de um dos homens mais ricos
do nosso Portugal
tenho sons de água de repuxo
também águas em cascata
fluxos e refluxos de gente
mais histérica mais pacata
lojas de tudo que se vende
ar condicionado e tudo
segurança na abastança
e não pago nada por isso
nota positiva apesar de sinceramente
ser de opinião e me convencer
de que ninguém dá nada
(nem o senhor que é dono disto)
sem querer uma qualquer troca
apesar de pensar isto
tiro o chapéu a quem se empenha
e faz do quase nada grande império
e porque tudo cá fica quando se morre
sem esperança de levar esta abastança
e ninguém cá fica
à confiança
presto homenagem
a quem não se intimida e não desiste
mesmo sabendo que os vindouros
hão-de trocar tanta obra por patacos
e gozar em farra o resultado
de tamanho suor e empenho de outros
em tempo de crise ficam as contradições
dos fogos das cheias dos milhões
de um sofá de graça dado
com ar condicionado
para acalmar transpirações
com temperaturas lá fora
Lisboa Agosto
a rondar os quarenta graus
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