
Dias longos nostalgia
espelhada em cada rosto português
uma amargura que ainda hoje se vê
nos filhos dos filhos daquele tempo
que na flor da idade
iam para a guerra longe
sem saberem bem para onde
nem para quê
o horizonte europeu fronteira de Castela
estava bem fechado
ninguém saía nem entrava
pides guardas fiscais carabineiros
cerravam bem fileiras
disparando sobre quaisquer aventureiros
num Portugal amordaçado
sem liberdade nem pão nem educação
país arcaico empobrecido analfabeto
que sem tostão nem ganha pão
clandestinamente emigrava
fugir era o sonho ficar o pesadelo
na nossa própria casa aprisionados
na nossa própria casa condenados
degredo guerra pensamento censurado
um país grande em história
por décadas adiado
bravo foi o grito que soou
o sonho que chegou
“25 de Abril de 1974”
o meu país em festa
pontapé na guerra chuto nas masmorras
Portugal livre nas palavras
meu país velhinho a nascer de novo
os cravos eram as flores
a liberdade a esperança nova
Portugal respirava cantava renascia
a Europa aplaudia o mundo ansiava
o colonialismo acabava
hoje evocando aquela data
só lamento
o tempo perdido
as vidas ceifadas
a Pátria adiada para nada!