quinta-feira, outubro 16, 2008

aos que partem


O caos faz parte da vida
a crise
o desencontro entre o que se quer
e o que se tem

é insultado o país
quando se diz
se apregoa
se grita
aos quatro cantos do mundo
a desgraça por ter nascido aqui

e o sonho chega
ao bairro à aldeia velha
ao emprego parco e gasto
emoldurado de eldorados
de terra prometida

com ele a troca da raiz
por um cacho de cifrões
tantas vezes envenenado
pela desconfiança marginalidade
xenofobia
distância
saudade
que afogam tantas ilusões

claro o impulso é forte
é difícil resistir-lhe
zanga-se a alma e o corpo
com as condições que se tem

e na reacção
os nervos esticam
a paciência esgota-se
a clarividência foge
fica tudo negro em volta
sem solução

os olhos deixam de ver
a razão deixa de ser
é tempo de ir e aprender

não fiques a chorar Portugal
por ser assim
deixa-os ir
deixa-os clamar
insultar-te

“eles nem sabem nem sonham”
como é longe de ti
que se sente
na alma da gente
a falta que faz um país!

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