Que entalado que estou
entre a palavra e o gesto
entre corpos barulhentos
à frente atrás
e o meu silêncio
que me pede tanto!
olhando timidamente para trás
vejo-te e gosto
"faz qualquer coisa avança"
diz-me uma voz
mas dentro de mim
uma força exausta
anula a insistência da voz
paraliza-me
sinto as vozes passar
uns olhos brilhar tanto
como faróis para eu seguir
eu em vez de andar arrancar animar
fico a sumir
no passeio estreito
esmagado por sons
silêncios
que não têm nada a ver
com o que quero
cobarde e solitário
na essência do desejo!
vá inventa
arranja uma desculpa
(continua a voz)
sobe desce cansa-te
esquece
porque o que te falta mesmo
é ver o que está perto
e te apetece
e por estranho que pareça
isso cansa-te mais do que fugir
partir fingir
ou mesmo subir
o Monte Evereste
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