segunda-feira, setembro 01, 2008

despojado do meu ego

Chegava àquele lugar
ido de longe
senti-me despojado do meu ego
nem bens
nem amigos
nem gente ou sítios conhecidos
ou carro próprio para me deslocar

podia nem sair do aeroporto
voltar para trás
como sempre faço
quando aumenta o embaraço
tomava o primeiro avião
rumo ao aeroporto
onde o meu ego se sente em casa
e em conforto

mas não
decidi ficar

como os olhos e a mente complicavam
a estranheza do ambiente
fiz como algures li
e aprendi

sentei-me aonde pude
e desligando o olhar e o pensamento
fixei-me mais no tronco
e nos ouvidos
e em alguns instantes
o milagre acontecia

não recuperei o ego
e os artefactos
esses estavam longe
mas o ser sim
senti-o brando
com as raizes que me puseram no mundo

talvez pela primeira vez
num sítio estranho
perigoso ao mundo dos olhos
e da mente
fiquei sólido enraizado
confiante

mesmo sem entender nada
nem conhecer ninguém
já parecia eu mais dali
que os dali
tal a serenidade que sentia

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