sexta-feira, julho 11, 2008

Senhor doutor magistrado da nação

Senhor doutor magistrado da nação
íntegro no trato
mestre no parecer
para ninguém o ver
por dentro

quis a profissão que tem
não a mulher que o sustém

daí o permanente embaraço
que o faz encolerizar-se
enervar-se
porque ela (a mulher)
na sua simplicidade
tudo o que faz o faz com charme
natural

previra o doutor erradamente
antes de casar
que a sua simplicidade
(a da mulher)
bastaria para afastar qualquer rival

por não ser assim
e provocar até desejo sexual
faz mossa no ciumento homem
registo de valores antiquados
que o levam a usar
métodos arcaicos de controlar

em casa
quando periga o desempenho doutoral
põe logo em sentido
mulher e filhos
também algum outro familiar
de visita ao lar

logo faz constar recolhimento
no seu retiro de trabalho
lendo livros complexos
ouvindo música clássica
para impressionar

quando está ausente
deixa a família a ler
livros que insiste em acumular
na sua biblioteca lar

se a leitura não foi cumprida
põe o seu mau génio e berra

tal ambiente triste sem prazer
não tem levado a nada
nem a ele
nem aos filhos
nem à mulher

é ele a aparecer a vida a desaparecer!

coitado do doutor
um dia destes
já rebentava
entre os tribunais os livros
a música clássica
e sei lá que mais

teve de desopilar para não endoidar

fê-lo em triste e má figura
suplicante degradante mesmo
calças desabotoadas na braguilha
olhos esbugalhados
camisa engelhada e retorcida

a vítima...
coitadita!

uma empregada doméstica contratada
numa fugida dele a casa
às escondidas
à hora da ida da família à missa

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