sábado, junho 21, 2008

aldeia deserta


Se me acomodar a este sítio
inóspito duro desprezível
sem fortuna no horizonte
ao cheiro nauseabundo dos casebres
à vidita cheia de nada
preto e branco sem sonho colorido
aonde chega a minha vida?
a de meus filhos?

difícil fazer alguma coisa
mudar custa
mas não mudar?
será forçoso aceitar o inaceitável
o osso duro que ninguém quer já roer?

quem sonha pouco não vai longe
e aves de capoeira nunca hão-de voar!

neste sítio fechado
o corpo fica trôpego cansado
um galo obsceno mandão desactualizado
uma vida de clausura de prisão
assegurada
a troco de nada

nem liberdade
nem aventura
nem futuro de fartura

vale a seu favor
destas aves com fronteiras curtas
em comparação com outras aves
(as que voam)
uma vida mais segura
protegida

no resto
são só prisioneiros de um tempo
em que tudo acontece
à espera de uma morte qualquer

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