domingo, junho 03, 2007

estava triste atendo o telefone

Estava triste atendo o telefone
arrastado para ele em torpor desesperança
naquele aspecto que se tem
quando se está seco sem nada que apeteça fazer
nem mesmo ligar a televisão

em acto desesperado
de ter que fazer qualquer coisa
que mais não seja carregar num botão

quando atendo
a mão levada a atender sem convicção
no ouvido incrédulo
uma voz falou
e tudo mudou

saí da postura desencanto em que estava

a boca do estômago apertada
fica solta aliviada

ruboriza a pele
o sangue já circula
as entranhas gritam

a garganta canaliza
a voz que fala no ouvido
à festa interior do corpo
que se estende à zona pélvica
ao entender da vida

muda a cor em tudo
na luz de dentro e na que entra pela janela
até na cor das próprias cores

eu ainda estático segurando o telefone

a querer e não querer acreditar
naquela voz
na esperança que traz
uma palavra calor
amor

que nos estende a mão
à beira do pântano

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...