A poesia é um meio sublime
de entrar numa dimensão maior
de seguir no desenho das palavras
a vibração do mundo
dar importância ás coisas que realmente a têm
ir mais profundo
sair da vida comum
da trica mexerico
da guerrilha sobrevivência exterior
do complexo emaranhado do ser
onde as máscaras nos levam
a registos óbvios que adoptamos
para obter os “ámen” dos outros
a percepção maior é sair do que se vê
e ir mais longe
fazer da ribeira o rio maior do mundo
da lareira humilde perdida no monte
a estrela mais brilhante do universo
é dar aos detalhes o lugar que merecem
no sentimento de cada um
os conceitos aprendidos são úteis
dão exterior cultura
capacidade de sobrevivência
mas a riqueza que há no pormenor
no sibilar do vento
na cabana do monte
na pétala de uma flor
na mão que parece ser só uma mão
mais nada
e que pode ser tanta coisa
quem dera que se alargasse a mais pessoas
o infindável descobrir da alma do mundo
terça-feira, maio 22, 2007
tanto que se quer dizer
Ás vezes receio afogar-me nas palavras
são tantas as imagens turbilhão
tanto que se quer dizer
e que não sai
a avalanche liga tantos pormenores
saltita
aproxima ideias separadas
como fazem os parágrafos com as palavras
passa às vezes de uma coisa simples
próxima
e termina em deambulações complexas
que vão das relações políticas
entre nações
ao mal estar financeiro do vizinho
metido num rol de sarilhos
compromissos prestações
aos problemas do bairro
de Portugal
da seca do túnel do marquês
ou do maior clube português
e paira a dúvida sobre se importa
a gente se importar ou não
com tanta informação
quase sempre
pelo menos por enquanto
o turbilhão de ideias passa
com um gole de água da garrafa
que disfarça a tosse
que o acompanha
e se solta na garganta
ou em pegar numa caneta
e escrever o que passa pela cabeça
como faço agora
são tantas as imagens turbilhão
tanto que se quer dizer
e que não sai
a avalanche liga tantos pormenores
saltita
aproxima ideias separadas
como fazem os parágrafos com as palavras
passa às vezes de uma coisa simples
próxima
e termina em deambulações complexas
que vão das relações políticas
entre nações
ao mal estar financeiro do vizinho
metido num rol de sarilhos
compromissos prestações
aos problemas do bairro
de Portugal
da seca do túnel do marquês
ou do maior clube português
e paira a dúvida sobre se importa
a gente se importar ou não
com tanta informação
quase sempre
pelo menos por enquanto
o turbilhão de ideias passa
com um gole de água da garrafa
que disfarça a tosse
que o acompanha
e se solta na garganta
ou em pegar numa caneta
e escrever o que passa pela cabeça
como faço agora
criança interior
O corpo todo percebe
a alegria
conseguida
abraçando amando entendendo
a criança interior
a melhor obra prima
percebida
energia acção
ternura vida
como o meu ser aquece
ruboriza estremece
com a consciência da história
rica viva
memória existencial
momentos tantos
cada dia
desafio
do menino eu que anima
desanima
chora ri saltita ama
espreita arrisca
ganha perde cresce
um turbilhão de resistência
persistência
coragem rija
em tudo que se mete
que só tanto milagre
torna possível
e tão perfeita.
a alegria
conseguida
abraçando amando entendendo
a criança interior
a melhor obra prima
percebida
energia acção
ternura vida
como o meu ser aquece
ruboriza estremece
com a consciência da história
rica viva
memória existencial
momentos tantos
cada dia
desafio
do menino eu que anima
desanima
chora ri saltita ama
espreita arrisca
ganha perde cresce
um turbilhão de resistência
persistência
coragem rija
em tudo que se mete
que só tanto milagre
torna possível
e tão perfeita.
sábado, maio 19, 2007
o meu corpo a morada certa
Em ritual de festa
sons e movimentos em ninho reunidos
ar rosado de alma confortada
ontem finalmente
ao fim de tantos anos
descobri e amei meu corpo
ambos se abraçaram
corpo e dono
tão cúmplices tão sinceros
que mal continham os sorrisos e os choros
um encontro de almas gémeas
a quem apenas o entendimento das coisas separava
foi assim um arrepio
como quem de repente reconhece
a maravilha no difícil e no fácil
na aventura global
no esforço e no desgaste
no enfrentar sem desistência
a vitória e a derrota
em que juntos nos metemos
tantos quilómetros percorridos
tantas estradas sinuosas
tantos becos sem saída
por causa de mim
ontem entendi comovidamente
no abraço forte que nos demos
que o meu corpo
de todas as moradas possíveis
ele é seguramente
a morada certa
sons e movimentos em ninho reunidos
ar rosado de alma confortada
ontem finalmente
ao fim de tantos anos
descobri e amei meu corpo
ambos se abraçaram
corpo e dono
tão cúmplices tão sinceros
que mal continham os sorrisos e os choros
um encontro de almas gémeas
a quem apenas o entendimento das coisas separava
foi assim um arrepio
como quem de repente reconhece
a maravilha no difícil e no fácil
na aventura global
no esforço e no desgaste
no enfrentar sem desistência
a vitória e a derrota
em que juntos nos metemos
tantos quilómetros percorridos
tantas estradas sinuosas
tantos becos sem saída
por causa de mim
ontem entendi comovidamente
no abraço forte que nos demos
que o meu corpo
de todas as moradas possíveis
ele é seguramente
a morada certa
brincadeira
Brincadeira é brincadeira
apetece correr pular dar voltas
ficar a rir por tudo e por nada
ir assim em voo de ave
braços abertos
olhos nos olhos
agarrar as roupas tocar
empurrar desequilibrar
depois num entendimento perfeito
ir cair em qualquer lado
aterrar
já em roupas descompostas
rir chorar
dizer coisas sem pensar
rir rir rir
e lágrimas a cair
de tanto cansaço
terra chão paixão abraço
um estado tão perfeito
tanto céu de brincadeira
seja num prado numa eira
num quintal num quarto
só pode acabar de duas maneiras
em sexo
para acalmar o fogo
expresso nas maçãs do rosto
e no resto
ou num sono profundo
de crianças
embaladas pelos anjos
apetece correr pular dar voltas
ficar a rir por tudo e por nada
ir assim em voo de ave
braços abertos
olhos nos olhos
agarrar as roupas tocar
empurrar desequilibrar
depois num entendimento perfeito
ir cair em qualquer lado
aterrar
já em roupas descompostas
rir chorar
dizer coisas sem pensar
rir rir rir
e lágrimas a cair
de tanto cansaço
terra chão paixão abraço
um estado tão perfeito
tanto céu de brincadeira
seja num prado numa eira
num quintal num quarto
só pode acabar de duas maneiras
em sexo
para acalmar o fogo
expresso nas maçãs do rosto
e no resto
ou num sono profundo
de crianças
embaladas pelos anjos
sexta-feira, maio 18, 2007
mimo nos primeiros passos
Repare-se no mimo que é
o cuidado dado a um bebé
a atenção que se tem nos primeiros passos
a devoção quase adoração
ou quando alguém nos ensina
a andar de bicicleta
segurando vezes sem conta o selim
amparando até á exaustão
cada dificuldade
a extrema preocupação
na queda por dar
na queda dada
ou quando aprendemos a escrever
segurando-nos a mão
encorajando-nos o traço
aliviando-nos o enfado
o desgaste experimentado
num abraço
tanto beijo tanto toque tanta atenção
que se perde à medida que se cresce
não fora o desafio do imprevisto
o querer mesmo ultrapassar cada dificuldade
e aprender
o ter curiosidade ilimitada no que vem a seguir
eu ousaria afirmar
que se se fosse ponderado racional
nessas idades
com tanto mimo tanta dedicação
tanta mão e beijo em todo o lado
ninguém passaria a fase de aprender
de ir para lá dos primeiros passos
ninguém quereria crescer
o cuidado dado a um bebé
a atenção que se tem nos primeiros passos
a devoção quase adoração
ou quando alguém nos ensina
a andar de bicicleta
segurando vezes sem conta o selim
amparando até á exaustão
cada dificuldade
a extrema preocupação
na queda por dar
na queda dada
ou quando aprendemos a escrever
segurando-nos a mão
encorajando-nos o traço
aliviando-nos o enfado
o desgaste experimentado
num abraço
tanto beijo tanto toque tanta atenção
que se perde à medida que se cresce
não fora o desafio do imprevisto
o querer mesmo ultrapassar cada dificuldade
e aprender
o ter curiosidade ilimitada no que vem a seguir
eu ousaria afirmar
que se se fosse ponderado racional
nessas idades
com tanto mimo tanta dedicação
tanta mão e beijo em todo o lado
ninguém passaria a fase de aprender
de ir para lá dos primeiros passos
ninguém quereria crescer
manas de vila transmontana
Acabada a secundária
vida adulta despontava
para as manas
de uma vila transmontana
mãe há pouco falecida
pai em rota de desmando
foi advogado da terra
em Lisboa sedeado
quem lhes estendeu a mão
e lhes mudou o fado
homem bem intencionado
mas em crise existencial
na relação conjugal
acabou tendo um caso
em encontro aconchegado
(uma Vera que queria um pai
e um pai que queria Vera)
era a mais velha das duas
e pouco depois nasceu
um filho que assegurava
monetária estabilidade
para prosseguir os estudos
e cursar a faculdade
era mãe a tempo inteiro
amante quando podia
irmã zelosa e atenta
filha muito preocupada
tinha ainda um namorado
carente sonso mimado
a pedir os seus cuidados
e Vera assim preenchia
com tacto e muito afecto
o vazio que sentia
vida adulta despontava
para as manas
de uma vila transmontana
mãe há pouco falecida
pai em rota de desmando
foi advogado da terra
em Lisboa sedeado
quem lhes estendeu a mão
e lhes mudou o fado
homem bem intencionado
mas em crise existencial
na relação conjugal
acabou tendo um caso
em encontro aconchegado
(uma Vera que queria um pai
e um pai que queria Vera)
era a mais velha das duas
e pouco depois nasceu
um filho que assegurava
monetária estabilidade
para prosseguir os estudos
e cursar a faculdade
era mãe a tempo inteiro
amante quando podia
irmã zelosa e atenta
filha muito preocupada
tinha ainda um namorado
carente sonso mimado
a pedir os seus cuidados
e Vera assim preenchia
com tacto e muito afecto
o vazio que sentia
quarta-feira, maio 16, 2007
é duro mudar custa avançar
É a sensibilidade quem mo diz
na tensão sentida em cada situação
no desafio incontrolado da vida
que urge aperfeiçoar
implementar novas maneiras
de contrariar sociedade estática adormecida
incapaz de avançar à medida das mudanças
porque é incomensurável a distância
o choque que implica
manter instituições décadas recuadas
na dinâmica nova que sofre acorrentada
a uma aprendizagem em cada dia ultrapassada
é duro mudar custa avançar
mas num tempo velocidade meteórica
deixar o barco andar sem inovar
só pode retardar
uma revolução que tarda
nas fórmulas nas regras
no entendimento do viver
eu percebo que é mais fácil ser hipócrita
fingir
mostrar ao mundo apenas a parte desempenho
o lado dito correcto
deixar de lado o resto
a verdade verdadinha
e guardá-la sempre bem escondidinha
é duro mudar custa avançar
mas entre viver ou vegetar
há que meter mãos na consciência
entender
que a felicidade está na verdade de cada um
na soma das verdades todas
o resto é só para enganar enganar-se
passar a vida a fazer de conta
na tensão sentida em cada situação
no desafio incontrolado da vida
que urge aperfeiçoar
implementar novas maneiras
de contrariar sociedade estática adormecida
incapaz de avançar à medida das mudanças
porque é incomensurável a distância
o choque que implica
manter instituições décadas recuadas
na dinâmica nova que sofre acorrentada
a uma aprendizagem em cada dia ultrapassada
é duro mudar custa avançar
mas num tempo velocidade meteórica
deixar o barco andar sem inovar
só pode retardar
uma revolução que tarda
nas fórmulas nas regras
no entendimento do viver
eu percebo que é mais fácil ser hipócrita
fingir
mostrar ao mundo apenas a parte desempenho
o lado dito correcto
deixar de lado o resto
a verdade verdadinha
e guardá-la sempre bem escondidinha
é duro mudar custa avançar
mas entre viver ou vegetar
há que meter mãos na consciência
entender
que a felicidade está na verdade de cada um
na soma das verdades todas
o resto é só para enganar enganar-se
passar a vida a fazer de conta
ruínas romanas
Escrevo e desespero na fartura
de querer sempre perceber
o que é tão complexo de entender
mundo tanta diversidade
sempre que fico racional
explicações aprendidas aplicadas
mais me sinto pequenino incapaz perdido
definhando o corpo a espaços
uma mente receptora lhe transmite
ideias mais ideias tanta complexidade
que não servem para nada
e o deixam enterrado na cadeira
uns olhos que se assustam com tanta chiadeira
vozes ruídos tanta gente
culturas estatutos desarmonias diferentes
a história tão extraordinariamente rica e macabra
num esvaziar da garganta
em restaurante internacional país com tanta fala
obrigatório afogar num copo
a impotência cultural
ajuda pelo menos a pedir a conta
pagar e sair dali
que importam as eleições de outro país
e o que delas se diz
envolto em linguarejares estridentes
diferentes
em mesas excitadas
inquietação vital latente
bem perto daqui tanta pedra carregada
ruínas de vidas passadas
tanta crueldade dos imperadores que governaram
sem tirar importância ao que se vê
ao que já assim foi
e foi assim como se vê nos faustos restos
às vezes apetece mesmo sair do convencional e chato
abraçar a liberdade uma flor
fugir daqui deste holocausto
de querer sempre perceber
o que é tão complexo de entender
mundo tanta diversidade
sempre que fico racional
explicações aprendidas aplicadas
mais me sinto pequenino incapaz perdido
definhando o corpo a espaços
uma mente receptora lhe transmite
ideias mais ideias tanta complexidade
que não servem para nada
e o deixam enterrado na cadeira
uns olhos que se assustam com tanta chiadeira
vozes ruídos tanta gente
culturas estatutos desarmonias diferentes
a história tão extraordinariamente rica e macabra
num esvaziar da garganta
em restaurante internacional país com tanta fala
obrigatório afogar num copo
a impotência cultural
ajuda pelo menos a pedir a conta
pagar e sair dali
que importam as eleições de outro país
e o que delas se diz
envolto em linguarejares estridentes
diferentes
em mesas excitadas
inquietação vital latente
bem perto daqui tanta pedra carregada
ruínas de vidas passadas
tanta crueldade dos imperadores que governaram
sem tirar importância ao que se vê
ao que já assim foi
e foi assim como se vê nos faustos restos
às vezes apetece mesmo sair do convencional e chato
abraçar a liberdade uma flor
fugir daqui deste holocausto
sábado, maio 12, 2007
África ajuda humanitária

Depois de telenovela colorida
beijos e abraços em lençóis de cama
com famosas mostrando seus encantos
tapando e destapando peles cuidadas
em cuecas soutiens de marca
roupas cor de fruta
ziguezagueando no ecrã em romanceada brejeirice
tudo fácil e barato
decorado comentado
o freguês que vê tv
sente-se compensado
e fica ali sentado babado entusiasmado
porque afinal a vida é bela e colorida
até apetece no sofá
ao ver tal enredo de traseiros
mamas multicor
comer pipocas beber um copo
pensar que tudo o que se vê está à distância de um passo
como o ecrã da tv
só que ao fazer zapping
o freguês fica chocado
logo no canal ao lado
depois de tanta fruta multicor macia
roupa leve apertadinha
notícias de um sítio África preto e branco
gente magra mulheres de seios flácidos
filhos pequeninos
todos olhos medo pendurados
fila interminável de esfomeados e de moscas
a quem alguém distribuía ração ajuda humanitária
em gesto boa vontade nações ricas
que assim mantêm aquela gente pouco viva
mas de pé
por acaso o freguês do sofá desconsolado
teve a coragem de se ir deitar
zangado
e de apagar a tv
beijos e abraços em lençóis de cama
com famosas mostrando seus encantos
tapando e destapando peles cuidadas
em cuecas soutiens de marca
roupas cor de fruta
ziguezagueando no ecrã em romanceada brejeirice
tudo fácil e barato
decorado comentado
o freguês que vê tv
sente-se compensado
e fica ali sentado babado entusiasmado
porque afinal a vida é bela e colorida
até apetece no sofá
ao ver tal enredo de traseiros
mamas multicor
comer pipocas beber um copo
pensar que tudo o que se vê está à distância de um passo
como o ecrã da tv
só que ao fazer zapping
o freguês fica chocado
logo no canal ao lado
depois de tanta fruta multicor macia
roupa leve apertadinha
notícias de um sítio África preto e branco
gente magra mulheres de seios flácidos
filhos pequeninos
todos olhos medo pendurados
fila interminável de esfomeados e de moscas
a quem alguém distribuía ração ajuda humanitária
em gesto boa vontade nações ricas
que assim mantêm aquela gente pouco viva
mas de pé
por acaso o freguês do sofá desconsolado
teve a coragem de se ir deitar
zangado
e de apagar a tv
prenda especial momento certo
O momento presente é seguramente
o sítio certo para viver
nele está sempre a acontecer
ocasião ideal para o passo certo
sítio amor uma prenda especial
que se desembrulhe com cuidado
devoção
pousando os dedos em cada pormenor
despindo o papel
em cada dobra
com empenho aplicação
jeitinho
tirando o laço com o tacto concentrado
devagarinho
com paixão
flor azul espaço namorada
como se estivesse ali a acontecer
dádiva vital em toda a sua dimensão
prenda especial momento certo
tanto que se tem nesse espaço pequenino
um espaço pequenino bom e farto
que se repete permanentemente
na dimensão fantástica do infinito
é só reparar nele e estar atento
cada momento presente é assim
uma prenda surpresa com laço
como o teu olhar
que foge e se escapa se não se agarrar
o sítio certo para viver
nele está sempre a acontecer
ocasião ideal para o passo certo
sítio amor uma prenda especial
que se desembrulhe com cuidado
devoção
pousando os dedos em cada pormenor
despindo o papel
em cada dobra
com empenho aplicação
jeitinho
tirando o laço com o tacto concentrado
devagarinho
com paixão
flor azul espaço namorada
como se estivesse ali a acontecer
dádiva vital em toda a sua dimensão
prenda especial momento certo
tanto que se tem nesse espaço pequenino
um espaço pequenino bom e farto
que se repete permanentemente
na dimensão fantástica do infinito
é só reparar nele e estar atento
cada momento presente é assim
uma prenda surpresa com laço
como o teu olhar
que foge e se escapa se não se agarrar
quarta-feira, maio 09, 2007
as limitações estão na mente
Num processo que desenvolve enquanto cresce
as limitações estão na mente
nos afluentes que se internam no seu curso
a enchem
libertam águas de sítios diferentes
o caudal enche o fio de água
que nasceu puro alegre livre
entre urzes pedras perfume de alfazema
fica com o tempo e com tantas influencias
uma coisa densa
precipitada
com sentido obrigatório
fica grande disforme
vai fugindo o enquadramento
ponte aqui ponte acolá
entre detritos e betão
resta uma massa compacta de vida obrigatória
zangada
com comportamento programado
utilização desenfreada
um destino conhecido
ainda bem que a docilidade obediência
a falta de novidade
esgotam a paciência
as águas programadas
com destino já traçado explodem
aproveitam a confusão de uma forte trovoada
nuvens grossas negras medonhas
a enxurrada
que cai do céu
e soltam grito de revolta
é ver as águas enfadadas
de marcas usadas domesticadas
crescer saltar causar problemas á vizinhança
tantos braços e abraços nas imagens de umas cheias
que ímpeto desabafo da beleza nascente
marulhar de amor
entre pedras urzes perfume de alfazema
feita vida sórdida decadente
sem novidade no tempo que foge
nem piada nenhuma
as limitações estão na mente
nos afluentes que se internam no seu curso
a enchem
libertam águas de sítios diferentes
o caudal enche o fio de água
que nasceu puro alegre livre
entre urzes pedras perfume de alfazema
fica com o tempo e com tantas influencias
uma coisa densa
precipitada
com sentido obrigatório
fica grande disforme
vai fugindo o enquadramento
ponte aqui ponte acolá
entre detritos e betão
resta uma massa compacta de vida obrigatória
zangada
com comportamento programado
utilização desenfreada
um destino conhecido
ainda bem que a docilidade obediência
a falta de novidade
esgotam a paciência
as águas programadas
com destino já traçado explodem
aproveitam a confusão de uma forte trovoada
nuvens grossas negras medonhas
a enxurrada
que cai do céu
e soltam grito de revolta
é ver as águas enfadadas
de marcas usadas domesticadas
crescer saltar causar problemas á vizinhança
tantos braços e abraços nas imagens de umas cheias
que ímpeto desabafo da beleza nascente
marulhar de amor
entre pedras urzes perfume de alfazema
feita vida sórdida decadente
sem novidade no tempo que foge
nem piada nenhuma
pedinchice organizada
Um velhote na mesa habitual
matava o tempo folheava um jornal
caía alguma chuva miudinha
a Primavera parecia Outono em início de estação
a diferença estava na folhagem
na abundância das flores
se não podia ser Outubro em vez de Abril
o clima mudou muito ouve-se dizer
não se sabe quando chove ou quando não
ou se vem frio ou se não
a moldura humana mudou também
muita gente que sai
muita gente que vem
fixei-me no velhote
que tentava em precária audição
ouvir o que uma miúda em pé dizia
dei atenção
porque parecia haver motivo para dar
e reparei
que a rapariguinha fazia
boquinha beicinho de quem sofre
tudo para convencer o velhote
a dar-lhe a esmola que pedia
português andado coração mole
a uns olhos de menina pobre
não se nega uma moeda
muito menos com a consciência abalada
por frequentar lustrosa explanada
atrapalhado buscando entre as calças e o casaco
lá encontrou o que queria
e em sorriso babado
estendeu a esmola à menina que aguardava
de pé segurando a tristeza quanto podia
foi então que olhei mais adiante
confirmei o que suspeitava
aparecendo e desaparecendo na distância
andava alguém
que poderia ser ou não a sua mãe
e era esse alguém quem orientava
controlava seguramente treinava
a menina
em pedinchice organizada
soube depois que era assim como pensava
uma pedinchice organizada
que havia horas
dias bairros quarteirões
que havia alvos
vítimas almas caridosas
como aquele velhote dessa hora desse dia
a mãe mulher que se via e desandava
era a mestra suporte psicológico
que explorava
tão macabra negociata
ali bem na minha frente
gente que vem gente que sai
chuva que vem chuva que vai
tanta mudança ultimamente
no clima e na gente
na forma de safar a vida também
matava o tempo folheava um jornal
caía alguma chuva miudinha
a Primavera parecia Outono em início de estação
a diferença estava na folhagem
na abundância das flores
se não podia ser Outubro em vez de Abril
o clima mudou muito ouve-se dizer
não se sabe quando chove ou quando não
ou se vem frio ou se não
a moldura humana mudou também
muita gente que sai
muita gente que vem
fixei-me no velhote
que tentava em precária audição
ouvir o que uma miúda em pé dizia
dei atenção
porque parecia haver motivo para dar
e reparei
que a rapariguinha fazia
boquinha beicinho de quem sofre
tudo para convencer o velhote
a dar-lhe a esmola que pedia
português andado coração mole
a uns olhos de menina pobre
não se nega uma moeda
muito menos com a consciência abalada
por frequentar lustrosa explanada
atrapalhado buscando entre as calças e o casaco
lá encontrou o que queria
e em sorriso babado
estendeu a esmola à menina que aguardava
de pé segurando a tristeza quanto podia
foi então que olhei mais adiante
confirmei o que suspeitava
aparecendo e desaparecendo na distância
andava alguém
que poderia ser ou não a sua mãe
e era esse alguém quem orientava
controlava seguramente treinava
a menina
em pedinchice organizada
soube depois que era assim como pensava
uma pedinchice organizada
que havia horas
dias bairros quarteirões
que havia alvos
vítimas almas caridosas
como aquele velhote dessa hora desse dia
a mãe mulher que se via e desandava
era a mestra suporte psicológico
que explorava
tão macabra negociata
ali bem na minha frente
gente que vem gente que sai
chuva que vem chuva que vai
tanta mudança ultimamente
no clima e na gente
na forma de safar a vida também
sexta-feira, maio 04, 2007
intuição versus razão
Que pena os papéis as etiquetas
a contradição que é
termos inteligência para entender
que temos que ser assim
para usufruir de bens materiais
que nos dão prazer
Só que a razão
que é necessária
não chega
carrega-nos de leis deveres
quantas vezes comportamentos
obrigatórios deprimentes
que fica difícil viver
devo não devo
melhor não ou melhor sim
aonde se pode chegar assim(?)
Medir o que se diz
pensar o que se faz
evitar quase sempre o que apetece
está difícil de aguentar
a par da razão urge soltar
alargar praticar a intuição
isto serve aquilo não
escolher o que se quer
sentir faz bem
seguir o coração também
que luta se adivinha
no novo desafio
no confronto já realidade
entre a necessidade racional experimentada
e a latente premente necessidade
de um espaço
um alívio
uma urgência vital
de libertar a intuição
e a força dos sentidos
a contradição que é
termos inteligência para entender
que temos que ser assim
para usufruir de bens materiais
que nos dão prazer
Só que a razão
que é necessária
não chega
carrega-nos de leis deveres
quantas vezes comportamentos
obrigatórios deprimentes
que fica difícil viver
devo não devo
melhor não ou melhor sim
aonde se pode chegar assim(?)
Medir o que se diz
pensar o que se faz
evitar quase sempre o que apetece
está difícil de aguentar
a par da razão urge soltar
alargar praticar a intuição
isto serve aquilo não
escolher o que se quer
sentir faz bem
seguir o coração também
que luta se adivinha
no novo desafio
no confronto já realidade
entre a necessidade racional experimentada
e a latente premente necessidade
de um espaço
um alívio
uma urgência vital
de libertar a intuição
e a força dos sentidos
impulso abstracto de paixão
Em acto determinado
dei com teu ar gaiato
impulso abstracto de paixão
procurei teus braços
teu rosto colo
sem perceber qual a razão
inclinei-me todo ardendo em febre
para beber teu perfume de verão
quis tanto que ficasses
ou que me levasses no regaço
só que o sítio em segundos deixou de o ser
mudou-se
acabou-se
ficou de ti só o que pode ficar
o aroma o perfume
o afecto os matizes
o meigo olhar as mãos
o rasto dos teus passos
o mimo que é ver-te
e cruzar-me contigo
perfume cereja sabor a verão
lembrança
carros de bois enfeitados
desfilando pelas ruas
folhas de parra uvas
rostos tão bonitos
parece que se repete
Pinhel festa das vindimas
as senhoras da quermesse
o caldo verde o alvoroço
o baile bem animado
noite morna de Setembro
outra tu naquele Setembro
o mesmo encanto
tão bonita
que só de se ver
alegrava a minha terra e a mim
por isso hoje eu corri
sem entender a razão
impulso abstracto paixão
determinado para ti
dei com teu ar gaiato
impulso abstracto de paixão
procurei teus braços
teu rosto colo
sem perceber qual a razão
inclinei-me todo ardendo em febre
para beber teu perfume de verão
quis tanto que ficasses
ou que me levasses no regaço
só que o sítio em segundos deixou de o ser
mudou-se
acabou-se
ficou de ti só o que pode ficar
o aroma o perfume
o afecto os matizes
o meigo olhar as mãos
o rasto dos teus passos
o mimo que é ver-te
e cruzar-me contigo
perfume cereja sabor a verão
lembrança
carros de bois enfeitados
desfilando pelas ruas
folhas de parra uvas
rostos tão bonitos
parece que se repete
Pinhel festa das vindimas
as senhoras da quermesse
o caldo verde o alvoroço
o baile bem animado
noite morna de Setembro
outra tu naquele Setembro
o mesmo encanto
tão bonita
que só de se ver
alegrava a minha terra e a mim
por isso hoje eu corri
sem entender a razão
impulso abstracto paixão
determinado para ti
controlei quem me controlava

Vou ordenar á mente
concentrado
em muito querer e sentimento
determinado
o próximo passo
encaminho-a
oriento-a
aponto-lhe o objectivo desejado
ela treme
tem gravado outro registo
para o que se pede
eu insisto
ela resiste
só algum tempo volvido
após receios enfrentados
resistências no programa estabelecido
finalmente obedece
mente ferramenta ao meu serviço
entrei definitivamente
no passo
que quis dar
mudei assim a mente céptica
controlei quem me controlava
finalmente
ela em registo antigo
cassete assimilada
nem acredita boquiaberta
habituada a comandar
que tem que aceitar
o que a evolução implica
e encontrar uma resposta diferente
para cada passo diferente
em consonância
com a mudança
neste mundo que não pára de avançar
não fazer isto não dar ordem à mente
de evoluir mudar
e deixá-la controlar-nos
é ficar para trás
em cassete registo de outro tempo
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