Nota breve do autor do blog:
Nesta onda de relembrar ao acaso alguns poemas, cabe hoje a vez a um que não deixa de ser especial.
Foi publicado aqui no blog em 2005.
Creio que muitos de nós herdámos ainda preconceitos e orgulhos parvos, exagerados.
Esses preconceitos e orgulhos parvos, exagerados, podem levar a uma realidade bem triste que é expressa neste poema.
Ela faz-nos meditar, e de que maneira, independentemente de quem é quem numa dada situação, sobre a influência que pode ter determinada atitude num determinado contexto.
Há que ponderar no que fazemos, no que dizemos, tanto podemos ser anjos como diabos uns para os outros.
Tudo depende da compreensão, da solidariedade, da partilha, da validação inquestionável ou não de quem o outro é para nós.
Essa validação inquestionável e solidária poderá fazer toda a diferença.
Façam o favor de ler o poema:
Foi de repente
lá na terra
que a moçoila mais linda
mais amada
mais folgazona
mais anjo
virou diabo sacrilégio amante
puta
só porque caiu na asneira
de ser mãe solteira
por ter amado alguém e ter-se dado
gostar dela agora como se gostava dantes
quando no rancho pulava dançava e era bandeira
é arriscar meter em sua casa
ditos mexericos
estar com o pecado e a desonra à sua porta
coitada da Rosita
nem parece ela
emagreceu não sai de casa
o próprio pai
homem honrado mal lhe fala
secou-lhe o olhar e o rosto
de quem parece ter vivido e não viveu
murchou a pequena Rosa
e assim com o dedo apontado
um filho nos braços
um desdém que mata
Rosita foi crucificada
não aguentou a ideia de matar-se
nem a de viver ali
fugiu para a cidade
e lá tudo é mais fácil
é prostituta
droga-se
e ninguém liga.
lá na terra
que a moçoila mais linda
mais amada
mais folgazona
mais anjo
virou diabo sacrilégio amante
puta
só porque caiu na asneira
de ser mãe solteira
por ter amado alguém e ter-se dado
gostar dela agora como se gostava dantes
quando no rancho pulava dançava e era bandeira
é arriscar meter em sua casa
ditos mexericos
estar com o pecado e a desonra à sua porta
coitada da Rosita
nem parece ela
emagreceu não sai de casa
o próprio pai
homem honrado mal lhe fala
secou-lhe o olhar e o rosto
de quem parece ter vivido e não viveu
murchou a pequena Rosa
e assim com o dedo apontado
um filho nos braços
um desdém que mata
Rosita foi crucificada
não aguentou a ideia de matar-se
nem a de viver ali
fugiu para a cidade
e lá tudo é mais fácil
é prostituta
droga-se
e ninguém liga.
Fiquem bem,
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