terça-feira, agosto 13, 2019

Frágil e sozinha


Breve nota do autor do blog:

Partilho abaixo um poema meu que publiquei aqui no blog em 2007.  Chama-se "Frágil e sozinha" e volto hoje a relembra-lo.
Escolhi-o exatamente para tentar amenizar o clima um tanto tenso que se vive em Portugal. 
Refiro-me à greve dos motoristas de produtos perigosos, entre eles os combustíveis. 
Quer a gente queira quer não estas coisas mexem sempre connosco. 
Pela sua gravidade intrínseca, mas também porque somos quase obrigados a tomar partido por isto ou por aquilo, a achar que sim ou que não, o que causa um enorme stress e sérias tensões.
Sei que a vida é difícil, dentro de cada um só ele pode saber o que lá vai, os seus anseios, as suas expetativas, os seus nadas.
Em suma, os seus problemas. 
Seja como for, é de bom tom e aconselhável, nestes casos stressantes e em outros que tais, tentar não reagir a quente.
Sobretudo não fechar a porta ao diálogo, à troca de opiniões, de razões, de queixas, e dar lugar a cedências de parte a parte.
Dito isto, façam o favor de ler o poema.





De branco vestida
curtas roupas na cintura
no decote
no macio liso das perninhas
frágil e sozinha

num mundo intenso de consumo
rosa morango fome de comer
nesta solidão maior
de desejo de frescura
acicatado pela tv

também por sonhos de modelo
já se vê

que loucura menina
andares assim aqui
que risco desafio
que arrepio

há muita gente aqui
homens que passam
que olham para ti
que te desejam

lembras pintainho perdido
da ninhada de sua mãe

quem te apanhar assim
branca ingénua e verde
ou vai ficar doido de feliz
ou vai meter-se num sarilho
dos diabos

e meter-te a ti.

AEP/

Fiquem bem,
António Esperança Pereira


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