Acontece muita coisa que aborrece, entristece e enfraquece as nossas mentes, os nossos corações, as nossas expetativas.
Depende muito de pessoa para pessoa, da sua história de vida, daquilo a que deu e dá maior atenção e significado.
Em poucas palavras, pode dizer-se que, muitas vezes, e sem darmos conta, se entranharam em nós como que ideias base, conceitos pessoais sobre isto e aquilo que reputamos como imprescindíveis da suposta formação da nossa "personalidade".
É assim que surgem as reações mais ou menos arreigadas a certos factos políticos, nacionais e internacionais, religiosos, sociais, que manifestamos a nossa maior ou menor tolerância ante o diferente, o novo, o inesperado, e assim por diante.
Há realmente coisas que nos chocam. Com as quais nem sempre é fácil lidar.
A uns poderá ser uma parada gay, a outros poderão ser imagens de violência brutal por esse mundo fora, a outros um apego exacerbado ao seu EU político, a outros esse mesmo apego exacerbado à sua clubite (futebol por exemplo)
E não pararia de citar exemplos de preconceitos registados na nossa mente com lugar cativo, eu diria.
Mas para não maçar os leitores, queria referir apenas duas coisas que chocaram o meu apego mental nestes últimos tempos: uma referente a um certo sentir político, a outra a um certo sentir clubístico.
No primeiro caso, eu que tenho defendido como posso aquilo que chamo de "Pátria da Língua Portuguesa", vi-me confrontado com um facto que me chocou. A escolha da França por parte do atual Presidente de Angola como primeira viagem a um país do dito Ocidente.
Não gostei.
Diria mais, fiquei fulo, tendo-me passado pela cabeça coisas que nunca me tinham passado. Se a CPLP vale a pena, se a aposta nos PALOP vale a pena.
Se defender a Língua Portuguesa como língua universal e una vale a pena.
O Presidente de Angola até quer ser membro da francofonia!!!
Pois que seja e que lhe faça bom proveito. Digo eu, sem qualquer ofensa.
Cada um é livre de fazer as escolhas que melhor entender.
Todavia, creio que vivemos cada vez mais num mundo cão. Num mundo de amigos da onça, num mundo em que cada vez mais se vende a alma ao diabo pelo melhor preço oferecido. Cheguei a pensar que dentro em breve terminarão os idealistas e os poetas.
Será?
A completar o ramalhete, e ligado ao meu sentir clubístico, vejo-me nos últimos tempos confrontado com um clima de ódio inter clubes em Portugal como não tenho memória de ter vivido antes. O desporto, afinal uma das atividades mais nobres, mais bonitas, mais livres dos cidadãos, a transmitir esse mesmo mundo cão de que falava atrás, os tais amigos da onça, a tal venda da alma ao diabo pelo melhor preço oferecido.
E mais não digo, pedindo desculpa pelo desabafo deste Português e lusófono, também simpatizante de Desporto.
António Esperança Pereira