segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Ainda o Património Cultural "Coleção Miró"


Nosso comentário:

De entre as incontáveis vergonhas por que Portugal tem passado nestes últimos tempos tem que vir à baila o célebre leilão de Património Português em Londres, Coleção Miró, que era para haver mas não houve.
E não houve, exatamente devido a incumprimentos legais por parte da Parvalorem (veículo estatal criado para gerir os ativos tóxicos do BPN) incumprimentos esses denunciados pela leiloeira londrina.
Vergonha!
Já referimos este episódio aqui no blogue em devida altura, dando-lhe o tratamento que merecia. 
Todavia não queríamos deixar de partilhar um e-mail que chegou à nossa caixa de correio, por nunca ser demais tentar botar alguma luz nestes assuntos pouco dignificantes para o país e consequentemente para nós, portugueses.
Oxalá a sua leitura contribua para ficarmos um pouco mais esclarecidos sobre a realidade de mais uma negociata entre tantas outras, bem mal explicada.
Infelizmente, já nos vamos habituando a que neste país, limpinhos, limpinhos, só o são os cortes nos salários e pensões, o desemprego, a emigração que atiram os "felizes contemplados" e consequentemente o país para um empobrecimento nunca antes imaginado no pós 25 de Abril com a adesão à "poderosa União Europeia".
Deixo o e-mail tal como o recebi.

Fiquem bem,

António Esperança Pereira



A Colecção Miró, um lote de 85 obras, composto por óleos, guaches e desenhos, foi adquirido pelo Banco Português de Negócios (BPN), gerido por José Oliveira Costa, a um coleccionador japonês em 2006.
Em 2007 a leiloeira Christie's avaliou a colecção em 81,2 milhões de euros e, algum tempo depois, a mesma leiloeira avaliou-a em 150 milhões.
Estas avaliações foram feitas quando a colecção pertencia ao BPN, enquanto banco privado.
Em Novembro de 2008, o BPN foi "nacionalizado" -apenas o lixo tóxico- e, depois de todas as aventuras e desventuras que decorreram da sua nacionalização, a Parvalorem -veículo estatal criado para gerir os activos tóxicos do BPN- através da sua administração, tornou a venda da Colecção Miró, uma das suas principais prioridades tendo, no final de 2013, "fechado" o negócio com a Christie's.
A Parvalorem não cumpriu os prazos legais estabelecidos na Lei de Bases do Património Cultural para pedir a devida autorização para a saída das peças para o estrangeiro e, embora com o parecer negativo da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), a 21 de Janeiro de 2014, as obras já estavam expostas na leiloeira Christie’s, em Londres.
Agora vem a notícia mais interessante:
Enquanto a Colecção Miró foi propriedade privada, foi avaliada pela Christie's por valores que ultrapassaram os 150 milhões de euros; agora que a mesma colecção é propriedade do Estado Português, a mesma leiloeira avaliou-a em apenas 36 milhões.
Para a palhaçada ser mais engraçada posso acrescentar que as condições da Christie's são estas: a licitação da venda da obra é de 36 milhões, sendo esta a importância a entregar ao Estado Português; tudo o que ultrapassar esse valor será propriedade da leiloeira.
Perceberam a jogada?
Uma providência cautelar "barrou" a concretização do negócio que, além de ilegal é um crime de lesa-pátria; entretanto, a Christie's já fez saber que continua interessada no negócio. Claro... tenho a certeza que sim...
Alguém tem dúvidas sobre a "transparência" destas negociatas? 

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