
Pedem-me que entenda
que ouça que me cale
que fique quedo só desamparado
que vos mime idolatre
e vos sustente
que como um mago
tudo tenha num instante
que cubra vossas faltas
que não falhe
pedem-me que concorde
que me conforme
ou que me zangue
e que me esgote
exangue
eu que não sou mago
nem tenho quem me ampare
me mime me conforte
que no silêncio amargo
de um copo de vinho
busco algum alento
sem acompanhamento de pão
de mãe de amigos de irmão
entre um estigma de diabo
e uma exigência de santo
quem me compreende a mim
ossos esforçados
ao génio que tenho por herdado
e ninguém suaviza?
quem vê minha obra e a contempla?
ninhos de vespas dedo apontado
que só sonham ver-me nu
faminto condenado
como posso amar sem ser amado?
caminhos estreitos escarpados
suor esforço ali deixados
nervos em franja feitos obra
para quê?
ninguém viu nem aplaudiu…
sem colo bom amado amante
depois de luta árdua
desgastante
não há coração que aguente
e não se canse!
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