quarta-feira, abril 09, 2008

até sempre eterno olhar

O silêncio cruzado de olhares
vencendo o ruído à volta
tinha eco persistia

fixei nela primeiro duas coisas
os olhos e a camisola canelada
delgada na cintura
era generosa lia-me os sentidos
eu passeava os olhos
entre a cintura e o rosto
como podia

a minha compostura na fala
e no movimento dos braços
perturbava-se
não queria que se desse conta
e ficava impossível não se dar

o mesmo acontecia com ela
na possibilidade terna rubra
do embaraço bom em que parecia estar

foram momentos tolos breves
vidas separadas
mesmo assim a cada instante que passava
maior a dificuldade de sairmos dali
daquela inconsciência hipnótica
que quase fazia rir

tão parva e infantil felicidade!

foi uma birra de criança que passava
dando em doido com quem a acompanhava
de tanto gritar
que despertou o momento mágico
e quebrou o hiato na algazarra do lugar

só tivémos tempo no abandono obrigatório
que não dependia de nós
de dizer com os olhos
sem ninguém reparar
"até sempre eterno olhar"

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