sábado, setembro 01, 2007

razão velha ou ser feliz

Pelas frestas das janelas
pelas ombreiras das portas
por todos os espaços entreabertos
da casa austera de família
entravam sons que incomodavam
megafones algazarra

liberdade liberdade
gritava-se

penso que as telhas velhas do telhado
o caruncho dos cantos altaneiros
os móveis tão antigos
a escadaria
que leva ao pátio ao jardim à fonte
ao portão magnânimo de ferro
ladeado de leões
tremiam

terramoto vendaval nomes antigos
que deixavam de fazer sentido de repente
gestos aprendidos que acabavam
mordomias chapeladas elitismos

o lado de dentro e o lado de fora divididos

tive a sensação ali
abrindo mais e mais uma fresta da janela
aumentando assim os decibéis da algazarra
e espreitando a multidão emoldurada de bandeiras

que ou ficava ali com uma razão velha
ou vencia a fronteira os pergaminhos
e ia para a rua
aprender a viver de outra maneira

1 comentário:

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