Estou no presente
abraço-o e gosto
não o posso agarrar
se bem que às vezes apeteça
vivo-o e deixo ir
compreendo o ritmo
a cadência
e sem ficar magoado triste deprimido
apenas sinto existo
aguardo
com paciência
o presente está sempre renovado
em cada momento diferente
e com um pouco de bom senso
de senso comum
monto-me na evolução
e vou no tempo
assim
estou sempre actual e vivo
repare-se no ronco do motor que se aproxima
aumenta a presença no encurtar da distância
há um ponto em que culmina
depois esgota-se
em afastamento na distância
e a questão é sempre a mesma
fico na distância antes ou depois
no sonho que foi
no que há-de vir…
ou delicio-me simplesmente
com o que de importante existe
no instante
breve
mas que está sempre a passar(?)
sábado, março 24, 2007
tradição sem sonho
Qualquer coisa em ti fez despertar
cantos de mim tão escondidos
reprimidos
que nunca sequer os vi
ou percebi
não sei onde andei
onde me escondi
agora percebo e vejo
ao ver-te aí
bem na minha frente
que estava morto e não vivi
enredado no escuro
preto e branco
capote cinzento guerra
ardendo queimado na fogueira
monge clausura sem afecto
em hábito condenado
pardo castanho triste figura
tu janela livre
livro por abrir
vida amor abraço liberdade
mundo de oportunidades
nesta fronteira
afirmo
que contigo darei os meus primeiros passos
não sei o que trago vestido
se estou descalço se calçado
se sou rico se mendigo
se tive ideais
ou se só me equivoquei
só sei
que quero nascer contigo
sair daqui
e amar pela primeira vez
cantos de mim tão escondidos
reprimidos
que nunca sequer os vi
ou percebi
não sei onde andei
onde me escondi
agora percebo e vejo
ao ver-te aí
bem na minha frente
que estava morto e não vivi
enredado no escuro
preto e branco
capote cinzento guerra
ardendo queimado na fogueira
monge clausura sem afecto
em hábito condenado
pardo castanho triste figura
tu janela livre
livro por abrir
vida amor abraço liberdade
mundo de oportunidades
nesta fronteira
afirmo
que contigo darei os meus primeiros passos
não sei o que trago vestido
se estou descalço se calçado
se sou rico se mendigo
se tive ideais
ou se só me equivoquei
só sei
que quero nascer contigo
sair daqui
e amar pela primeira vez
domingo, março 18, 2007
vulcão por explodir
Eu amo-me nos teus olhos cintilantes
fico
na coragem que transmites
num gesto automático aceno não
gesto que não quer dizer que não
apenas um hábito céptico
assim como quem olha para ti
acha demais
e não acredita que o sonho às vezes acontece
uma flor porque é flor
pode cheirar-se
apreciar-se tocar-se despir-se
pegar nela e pô-la onde se quer
mas tu mulher
beleza flor atracção maior
como fazer-te o que se faz a uma flor
apetecia mandar-te estes versos perguntar-te
aguardar que me ensinasses a resposta
como me ensinaste a dizer sim
um sim ridículo eu sei
mas em onda rubor de confiança
ele fez parecer tudo possível
quando o disseste olhando linda para mim
passei amor por ti passei afecto
pus a minha alma toda no teu rosto
e o teu corpo sentia
porque eu via que sentia
tremia oscilava encolhia
eu só queria ser bom sentir o tacto
extravasar um pouco do vulcão adormecido
chama tanta ternura por explodir
e consegui devagarinho
em espaço tu tão receptor de chama e ansiedade
que um buraquinho abrisse fendesse
soltasse lava incandescente
quando os meus dedos se apuravam em ti
de cima abaixo
que bom partilhar um poucochinho
o fogo fechado que atrofia a gente
e dá cabo do coração
essa chama desejo história pessoal
que ficará gravada em mim
com o teu nome
a que chamarei vulcão
(por explodir)
fico
na coragem que transmites
num gesto automático aceno não
gesto que não quer dizer que não
apenas um hábito céptico
assim como quem olha para ti
acha demais
e não acredita que o sonho às vezes acontece
uma flor porque é flor
pode cheirar-se
apreciar-se tocar-se despir-se
pegar nela e pô-la onde se quer
mas tu mulher
beleza flor atracção maior
como fazer-te o que se faz a uma flor
apetecia mandar-te estes versos perguntar-te
aguardar que me ensinasses a resposta
como me ensinaste a dizer sim
um sim ridículo eu sei
mas em onda rubor de confiança
ele fez parecer tudo possível
quando o disseste olhando linda para mim
passei amor por ti passei afecto
pus a minha alma toda no teu rosto
e o teu corpo sentia
porque eu via que sentia
tremia oscilava encolhia
eu só queria ser bom sentir o tacto
extravasar um pouco do vulcão adormecido
chama tanta ternura por explodir
e consegui devagarinho
em espaço tu tão receptor de chama e ansiedade
que um buraquinho abrisse fendesse
soltasse lava incandescente
quando os meus dedos se apuravam em ti
de cima abaixo
que bom partilhar um poucochinho
o fogo fechado que atrofia a gente
e dá cabo do coração
essa chama desejo história pessoal
que ficará gravada em mim
com o teu nome
a que chamarei vulcão
(por explodir)
sábado, março 17, 2007
Norte de África Marraquexe
Em som dança tambor índio
ritmado
um calor danado
o suor interior vertia para fora
em corpos quentes bem queimados
norte de África Marraquexe
posto em torpor que me levava
em pé quase dormia
cada perna desengonçava
os ombros sobre os braços pendurados
tan tan tan tan tan tan
a turma afinava o batuque batia
o meu ventre rodava
ao lado á frente atrás
ao lado outra vez
os olhos cerrados a cara tremendo
a boca caindo o corpo aquecendo
a mente parada
energia grupal não mais parava
tan tan tan tan tan tan
enchia alargava alimentava cegava
eu lá ia
tan tan tan tan tan tan
o batuque crescia
olhava outras pernas
olhava outros ventres
olhava outras caras
e o balanço era tal o transe o suor
que as pernas do outro eram as minhas
o peito do outro era o meu peito
o rosto do outro era o meu rosto
massa compacta cascata jorrando
cheiro a raiz a ventre
a mãe
rota da seda deserto calor
colo do mundo
assim sentindo
está-se tão bem
ritmado
um calor danado
o suor interior vertia para fora
em corpos quentes bem queimados
norte de África Marraquexe
posto em torpor que me levava
em pé quase dormia
cada perna desengonçava
os ombros sobre os braços pendurados
tan tan tan tan tan tan
a turma afinava o batuque batia
o meu ventre rodava
ao lado á frente atrás
ao lado outra vez
os olhos cerrados a cara tremendo
a boca caindo o corpo aquecendo
a mente parada
energia grupal não mais parava
tan tan tan tan tan tan
enchia alargava alimentava cegava
eu lá ia
tan tan tan tan tan tan
o batuque crescia
olhava outras pernas
olhava outros ventres
olhava outras caras
e o balanço era tal o transe o suor
que as pernas do outro eram as minhas
o peito do outro era o meu peito
o rosto do outro era o meu rosto
massa compacta cascata jorrando
cheiro a raiz a ventre
a mãe
rota da seda deserto calor
colo do mundo
assim sentindo
está-se tão bem
portuguesa bonita
Mafalda Pinto (bonita atriz portuguesa)
Que momento delicado
Que confrangedor arrepio
Nos teus braços eu senti
Sonho maior realizado
Com a respiração ofegante
Perguntei-me deslumbrado
Agradecido também
Porquê eu te mereci
Todo eu me baralhei
Até te disse até já
Como se eu te tivesse
Depois de ali acolá
Lembras campos lembras eiras
Lembras prados lembras rosas
Lembras canções semeadas
Sol e suor vindimadeiras
És portuguesa bonita
Morena esguia e sorris
Á tua volta espalhas
Os amores do meu país
E olhando para ti
Corpo em sorriso dançando
Alta bonita gentil
Acredita que esqueci
Ícones bem mediatizados
Cláudia Shiffer Nicole Kidman
A Shakira a Britney Spears
Mesmo a Anna Kournikova
E preferia-te a ti
Que momento delicado
Que confrangedor arrepio
Nos teus braços eu senti
Sonho maior realizado
Com a respiração ofegante
Perguntei-me deslumbrado
Agradecido também
Porquê eu te mereci
Todo eu me baralhei
Até te disse até já
Como se eu te tivesse
Depois de ali acolá
Lembras campos lembras eiras
Lembras prados lembras rosas
Lembras canções semeadas
Sol e suor vindimadeiras
És portuguesa bonita
Morena esguia e sorris
Á tua volta espalhas
Os amores do meu país
E olhando para ti
Corpo em sorriso dançando
Alta bonita gentil
Acredita que esqueci
Ícones bem mediatizados
Cláudia Shiffer Nicole Kidman
A Shakira a Britney Spears
Mesmo a Anna Kournikova
E preferia-te a ti
domingo, março 11, 2007
grandes superfícies (ou solidão mal disfarçada)
Tenha que fazer coisas
ou não tenha
vou na mesma
os passos encaminham-me
eu a eles
quase que esbarro
ao entrar no labirinto
enfrento a confusão
faço o que faço nem sei que faço
tropeço
o ruído instala-se tira-me a voz
cada pessoa aparece desaparece
montra vitrine absorvente
em mundo de ninguém e tanta gente
em sítio prazer miragem baralhada
compras por fazer desejos por cumprir
frustração mais que assegurada
depois de escolher o melhor caminho
de evitar esbarrar mais no movimento
chego enfim a uma clareira
respiro
aliviando um pouco a canga na saída
já lá fora
até o vento forte
me parece brisa suave nas narinas
e as nuvens que ameaçam ruir
e encharcar-me
são bem vindas
no espaço querido no espaço grande
sinto-me de novo vivo
como nos campos que em menino eram distância
e davam ao olhar um perder de vista
mas mais logo ao outro dia
morto de solidão
também por necessidade
ou simplesmente com falta de imaginação
lá volto eu
a meter-me nas filas empurrões
circuitos integrados da civilização
e quanto mais me esforço
por compreender que a vida é isto
o progresso é isto
tão dramaticamente cheio
e tão perigosamente vazio
que me sinto
ou não tenha
vou na mesma
os passos encaminham-me
eu a eles
quase que esbarro
ao entrar no labirinto
enfrento a confusão
faço o que faço nem sei que faço
tropeço
o ruído instala-se tira-me a voz
cada pessoa aparece desaparece
montra vitrine absorvente
em mundo de ninguém e tanta gente
em sítio prazer miragem baralhada
compras por fazer desejos por cumprir
frustração mais que assegurada
depois de escolher o melhor caminho
de evitar esbarrar mais no movimento
chego enfim a uma clareira
respiro
aliviando um pouco a canga na saída
já lá fora
até o vento forte
me parece brisa suave nas narinas
e as nuvens que ameaçam ruir
e encharcar-me
são bem vindas
no espaço querido no espaço grande
sinto-me de novo vivo
como nos campos que em menino eram distância
e davam ao olhar um perder de vista
mas mais logo ao outro dia
morto de solidão
também por necessidade
ou simplesmente com falta de imaginação
lá volto eu
a meter-me nas filas empurrões
circuitos integrados da civilização
e quanto mais me esforço
por compreender que a vida é isto
o progresso é isto
tão dramaticamente cheio
e tão perigosamente vazio
que me sinto
nem com tudo se concorda
Desenho nas palavras sentimentos que contenho
disfarço-os quase todos nos gestos
aprendidos
às vezes gastos
e que não levam já onde se quer
porque a mudança não espera
nem o hoje é só repetição
goste-se ou não
tem que abrir-se os braços
à inovação
ao fluir inexorável de outro tempo
tempo que será o ontem amanhã
é certo
mas é este aqui que conta
para nós
podem dar-se mil desculpas
ter reservas
podem reprimir-se inovações
(nem com tudo se concorda)
pode até estar-se contra
as decisões
mas desistir da nossa carruagem
do rumo que ainda é nosso
e tem destino
é como morrer antes do tempo
é como querer parar o que não pára
é como não querer ver asas nas aves a voar
e mais vale aproveitar
viver
se não der para correr
andar
se não der para andar
olhar
ver com um sorriso grato
o mundo a avançar
e apanhar uma carruagem
enquanto a vida
durar
disfarço-os quase todos nos gestos
aprendidos
às vezes gastos
e que não levam já onde se quer
porque a mudança não espera
nem o hoje é só repetição
goste-se ou não
tem que abrir-se os braços
à inovação
ao fluir inexorável de outro tempo
tempo que será o ontem amanhã
é certo
mas é este aqui que conta
para nós
podem dar-se mil desculpas
ter reservas
podem reprimir-se inovações
(nem com tudo se concorda)
pode até estar-se contra
as decisões
mas desistir da nossa carruagem
do rumo que ainda é nosso
e tem destino
é como morrer antes do tempo
é como querer parar o que não pára
é como não querer ver asas nas aves a voar
e mais vale aproveitar
viver
se não der para correr
andar
se não der para andar
olhar
ver com um sorriso grato
o mundo a avançar
e apanhar uma carruagem
enquanto a vida
durar
terça-feira, março 06, 2007
olhar amor
Tudo no amor começa no olhar
pode-se sorrir chorar
ficar tão bem com a sensação
que tudo alastra ao corpo todo
a cor o rubor
o elo de vida o desatino
a loucura
a boca o coração
que sensação...
nada mesmo nada se compara a isto
está-se tão bem
o brilho a chama
o esplendor
o sentimento
que a duração
podia pelo menos ser eterna
ou mais ainda...
como não é
que o vulcão arda enquanto dura
e inunde em chamas tanto frio
que exploda
em êxtase incendiado encosta abaixo
que forças místicas tomem conta de nós
tão intensas
tão benignas
tão miraculosamente poderosas
que nos transportem ao infinito
e nos deixem lá
no silêncio total de quem está feliz
e a quem nada falta
pode-se sorrir chorar
ficar tão bem com a sensação
que tudo alastra ao corpo todo
a cor o rubor
o elo de vida o desatino
a loucura
a boca o coração
que sensação...
nada mesmo nada se compara a isto
está-se tão bem
o brilho a chama
o esplendor
o sentimento
que a duração
podia pelo menos ser eterna
ou mais ainda...
como não é
que o vulcão arda enquanto dura
e inunde em chamas tanto frio
que exploda
em êxtase incendiado encosta abaixo
que forças místicas tomem conta de nós
tão intensas
tão benignas
tão miraculosamente poderosas
que nos transportem ao infinito
e nos deixem lá
no silêncio total de quem está feliz
e a quem nada falta
a vida um poema
Sei que tenho sons bonitos no ouvido
um poema sempre para cantar
braços e passos para o levar
ah se a vida fosse um poema
e nos meus passos puxados pelo vento
eu chegasse ao ouvido de cada um
se pudesse pôr toda a gente nas asas do vento
na espiral de uma onda branca
gigantesca
que vertesse águas de neve
o som de uma balada
guitarras e palavras lindas misturadas
havia de ser uma onda convincente
pétalas de rosa vertidas em cascata
por ser tão bela
por onde passasse
havia o guerreiro de parar sua seta
havia o moribundo de sentir um novo alento
havia o trovão de calar-se
porque as crianças ouvem-no e assustam-se
havia de ficar no coração de cada um
uma festa permanente
um céu
um poema sempre para cantar
braços e passos para o levar
ah se a vida fosse um poema
e nos meus passos puxados pelo vento
eu chegasse ao ouvido de cada um
se pudesse pôr toda a gente nas asas do vento
na espiral de uma onda branca
gigantesca
que vertesse águas de neve
o som de uma balada
guitarras e palavras lindas misturadas
havia de ser uma onda convincente
pétalas de rosa vertidas em cascata
por ser tão bela
por onde passasse
havia o guerreiro de parar sua seta
havia o moribundo de sentir um novo alento
havia o trovão de calar-se
porque as crianças ouvem-no e assustam-se
havia de ficar no coração de cada um
uma festa permanente
um céu
medida certa
Porque terei de me dar tanto
quando me quero dar
e receber muito
quando quero receber
nunca encontro a medida certa
tal como um agricultor
que me habituei a ver
ou colheita farta
ou colheita sem vintém
nunca a medida certa
são bem menos os anos de fartura
bem mais os anos de desgraça
e apesar de haver sempre
a esperança
do ano certo que um dia vai chegar
a vida é mesmo assim um desacerto
solidários na desgraça ou na fartura
sou também agricultor
pródigo em vacas magras
ou gordas vacas
nunca a medida certa
sofro como ele
sonho como ele
acredito que o ano certo vai chegar
e com ele o acerto no tempero
do ter tanto
ou nada ter
quando me quero dar
e receber muito
quando quero receber
nunca encontro a medida certa
tal como um agricultor
que me habituei a ver
ou colheita farta
ou colheita sem vintém
nunca a medida certa
são bem menos os anos de fartura
bem mais os anos de desgraça
e apesar de haver sempre
a esperança
do ano certo que um dia vai chegar
a vida é mesmo assim um desacerto
solidários na desgraça ou na fartura
sou também agricultor
pródigo em vacas magras
ou gordas vacas
nunca a medida certa
sofro como ele
sonho como ele
acredito que o ano certo vai chegar
e com ele o acerto no tempero
do ter tanto
ou nada ter
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Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...

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