terça-feira, dezembro 22, 2020

Sociedade irreconhecível e Lisboa hoje: dois poemas atuais

Nota breve do autor do blog: Vacinas andam por aí, oxalá ajudem a debelar esta praga que nos caiu em cima neste ano de 2020. Entretanto, cada um com os seus afazeres, as suas ocupações, as suas encrencas, cá vamos resistindo, entre a ajuda e a desajuda. Temos o direito todos de estar zangados. Porém também temos todos o dever de não perder a lucidez. Entre a zanga e a esperança façamos por nos respeitar uns aos outros. Ninguém tem culpa do que se passa, quando o que se passa tem o tamanho da Humanidade Toda.

Ficam dois poemas meus, com os desejos de Boas Festas para todos.

António Esperança Pereira

Sociedade irreconhecível

 

Olham-se os corpos de passagem

Sempre longe de soslaio fugidios

Parece a quem os vir

Que não se querem

Parece a quem os vir se afastarem

Que algo se passa sem se ver

Que algo irreal há nesse viver

Pois corpo de humano

Nasceu para se querer…

Só pode ser lição

Ou castigo ou perdição

O que está a acontecer

Um chega para lá

Sem humanos se tocarem

Perigoso o beijo

Se o trocarem

Proibido amar se se amarem!

E sofrem os corpos

Vidas adiadas

Corações aos trambolhões

Vidas separadas

E nesta lição ou castigo a milhões

Tantas e tantas vidas acabadas.

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Lisboa hoje

 

Anima um pouco o sol

Hoje dezembro

Minha lisboa

Desenvolta e linda

Num vaivém que não desanima

Apesar de um tempo triste

De verdade

O mundo todo a ameaçar morrer

Lisboa vida mulher varina

Marcha popular

A trabalhar a curar

Anda desanda ciranda

E se há esmorecimento

Persiste resiste

E não desiste

Olho o movimento

Uns para cá

Outros para lá

Lisboa com ou sem rima

Lá vai lá vem

Às vezes frágil

Quase sempre forte

Capaz de lutar

Enfrentando a sorte

Até a morte

Tejo abaixo tejo acima

Norte sul este oeste

Em cada esquina

A valentia de varina

O amor de namorada

Num fundo poético

Sempre a murmurar

Gente rio céu e mar.


António Esperança Pereira

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