Fiquem bem,
António Esperança Pereira
Bombardeamento
Não não há bombardeamento
É
sábado treze da tarde
E
num ápice
Nem
pinga de movimento
Tudo
jaz quedo e calado
Dez
pessoas não mais
Isoladas
e à vez
Recolhem
a suas casas
Têm
máscaras na cara
É
desconforme o andar
Parecem
um tanto assustadas
É
tempo de “toca a andar”
Já
vão um pouco atrasadas
Isto
ás treze da tarde
Sábado
Lisboa cidade
Decretado recolher
E não há tempo a perder
Faz impressão a velocidade
Nesta fuga sem alarde
Cada
um para sua casa
Evidenciando
o temor
Sem
ocultar a dor
Da
solidão que não passa.
António E. Pereira
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Recolher obrigatório
Hora
de tempo parado
Ninguém
nas ruas desertas
Em
frente à minha janela
Pululam
uns passarinhos
Na
árvore nua mas bela
Outono
folhas caídas
Outono
na minha janela
Outono
nos corações
Também
nas preocupações
Os
dias ficam pequenos
Foram-se
do verão ilusões
Agora
à porta do inverno
Sem
se ver o fim do inferno
Crescem
as lamentações.
António E. Pereira
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