Nota breve do autor do blog:
Hoje ao rever mais alguns escritos para o trabalho que estou a fazer, recordei entre eles alguns de outras épocas como é natural.
O que hoje publico aqui no blog data de um período que podemos chamar de: "auge do Parque das Nações". Devo confessar que houve uma altura em que quase me viciei em frequentar aquela "modernidade" de Lisboa.
Era agradável, cosmopolita, diversificado, moderno, bonito o Parque das Nações. Sentia-me bem quando lá ia.
Fica por isso um poema inspirado numa realidade que "vi acontecer" por mero acaso. Que depois redigi e integrei no livro que dá pelo nome: AMOR PLURAL (E) TERNO FEMININO.
O livro pode ser visto clicando no link:
https://www.bubok.pt/livros/2377/AMOR-PLURAL-E-TERNO-FEMININO
Oxalá gostem.
Um par de namorados
Varanda
sobre o Tejo
envolta em pinheirinhos
a turista oriental
bebendo o sítio Lisboa paraíso
disparando sem cessar fotografias
um atleta correndo
energizando o passeio ribeirinho
em jardins ornamentados
de meninos
um comboio amarelinho serpenteando
percorria
parque das nações século XXI
desligado do circundante transbordar diversidade
entretido abraçado e dado
um par de namorados aos beijinhos
fixei-me neles
e reparei
que havia um avançar da tradição
já nem tudo era proibido em pública alameda
o não se faz
o tem cuidado
o parece mal de antigamente
não faziam sentido nenhum
nem era debochado o que se via
pois à medida que aqueciam
e se tocavam
que o calor no rosto e no corpo apertava
com subtileza ele e ela encostadinhos
revelavam educação
sempre
que se apertavam mais
olhavam
ele aproveitava enquanto olhava
abria o casaquinho e tapava
os braços nus e mãos pendentes dela
e
quando chegara função momento certo
os olhos deles certificaram
preocupação
um lado o outro lado
para não incomodar
foi então como por milagre
que o trânsito de gente fez clareira no local
uma pausa total
houve um trovão
vertendo em relâmpago clarão
rubor envergonhado feliz apaixonado
e tal como em ambiente carregado tempo trovoada
que tudo fica quedo tenso até que a chuva irrompa
assim ali aconteceu
depois o temporal passou
e o barulho vulgar do sítio
os transeuntes
os gritos de crianças
voltaram ao habitual
como se tudo apenas tivesse feito uma pausa necessária.
AEP/ In https://www.bubok.pt/livros/2377/AMOR-PLURAL-E-TERNO-FEMININO
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