Desde que me conheço nunca gostei de dormir com a cabeça
baixa.
Não sei porquê, mas acho que desenvolvi uma espécie de medo provocado
por um certo desamparo que sentia com a cabeça completamente esticada e
desamparada no colchão da cama.
Talvez o síndroma do desamparo se tivesse agravado com um
sintoma número dois que me perturbava os níveis de segurança e estabilidade
naquela posição: uma espécie de tontura com que não lidava bem.
Dito isto, acabo de vos confessar, que sempre fui daqueles
que precisavam de almofadas que dessem altura à postura da cabeça.
Precisava de almofada como de pão para a boca. Acreditava
que ficando com alguma altura, assim uma espécie de “deitado mas de cabeça
levantada”, a noite me parecia menos enfadonha.
Mantenho hoje essa convicção, pelo que continuo a
sentir-me melhor com alguma almofada debaixo da cabeça do que sem almofada
nenhuma.
Ora bem, porquê conto eu uma coisa tão simplória e sem dignidade
para fazer parte de uma boa confissão pessoal aqui no blog?
Passo a explicar em poucas palavras para não maçar, já que é
minha convicção que textos muito extensos são maçudos e arriscam-se a não ser
lidos.
A razão é simples: falou-se muito em almofadas nos últimos
dias. Não essas almofadas das minhas noites, as quais sempre me ajudaram na
correcção da postura, mas outras almofadas.
Dizia o governo de Portugal que agora caiu ter uma almofada
de dinheiro bem sólida para o que desse e viesse. Que nunca mais Troika nenhuma
viria assim de repente cuidar de Portugal, pois haveria dinheiro mais que
suficiente para enfrentar uma qualquer necessidade mais avantajada.
Por outras palavras, a “almofada financeira” que teria sido urdida
“sabiamente” pelo ex-governo seria assim um amparo para o nosso país em caso de
um eventual susto.
Afinal, uma almofada/amparo que serviria de seguro a
Portugal caso este receasse pela sua suficiência.
Tal como eu com as almofadas da cama. Com elas sentia-me
mais seguro. Ter-me-iam feito falta se as não tivesse para me levantarem a
cabeça nas difíceis e escuras noites.
Bom, agora os leitores já perceberam a relação da minha
história com a dita “almofada financeira” do ex-governo de Portugal que afinal
parece não existir.
E isso é que não se compreende.
Como é que uma coisa tão
sólida como nos diziam ser, desaparece assim num piscar de olhos?
Aqui há coisa...
Temos que esperar pelas cenas dos próximos capítulos.
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário