domingo, fevereiro 06, 2011

A minha mãe, a todas as mães deste país


Minha última colectânea de poemas "60 Poemas por ordem alfabética" assim a designei. Como sinopse da mesma escrevi:
"Inspirações variadas: o que vai na alma, o momento, a necessidade de escrever, o grito, o desabafo, a crença, a crítica, a opinião, a saudade, a mensagem que nasce às vezes sem se saber porquê… "
Ela é dedicada a minha mãe em particular, pelo que deixo abaixo um poema que consta do livro: "A MINHA MÃE", introduzindo-o com umas palavrinhas saídas ao sabor da pena, ou se preferirem, das teclas.
O livro pode, a partir de hoje, ser visto, consultado ou adquirido CLICANDO AQUI
Pode também clicar no ícon do livro ali sobre o lado direito do blogue.
---------------------------
Em meia dúzia de palavras quem foi minha mãe?

Segunda grande guerra mundial, 1939/45, quatro filhos nascidos em pleno decurso do conflito. Dos quatro, só eu nasci após o fim das hostilidades.
Heroína à sua maneira, mulher forte, determinada, com um sentido apurado e exacto de futuro.
Com muita inteligência sentia que o futuro seria melhor do que o "presente" que lhe era dado viver.
Empenhou-se por isso em dotar os filhos com estudos suficientes para que melhor se defendessem dos desafios da vida e a enfrentassem com mais sucesso. Deu quase tudo para o conseguir.
Num tempo em que tudo era pouco, difícil, atrasado, o dinheiro escasseava, os estabelecimentos de ensino que existiam ficavam longe de casa... mesmo assim, conseguiu!
Para além de ser forte, determinada, ter sentido de futuro, gostava de flores. Gostava muito de flores.
Na terra semeada que rodeava a casa de habitação não lhe bastava ver crescer batatas, nabos, hortaliça, vinha, cereal. Aí plantou, semeou, não poucas vezes, canteiros de amores, violetas, crisântemos, ervilhas de cheiro, rosas, que depois dava a quem lhas pedisse.
Vincadamente herdei dela a minha crença nas FLORES! também o mundo mais colorido, com mais modernidade, oportunidades, prosperidade, com que sempre sonhou.
-------------------------------
O poema:

A MINHA MÃE

Beira Alta florida
nos canteiros espalhados pelos quintais
tantas pétalas meu Deus
que aqueles olhos viram
semearam
onde ás vezes só pedras havia
nada mais

o sol aquecia pelo verão
as cores das flores das rosas
eram sonhos de amores
sei lá que mais

o que aquelas mãos tiradas do regaço
faziam!
moldavam cortavam semeavam
com traços de artista
a beleza quase infantil
de quem tanto bem lhes queria

Beira Alta florida
perfume eterno amálgama de ser
Mulher flor quintal
Mulher mãe
que quis que a vida fosse
um sonho lindo
com as cores do arco-íris…

espelhadas no maravilhoso amor
único
eterno
doce
semeado no pólen depois mel
dos seus quintais.

António Esperança Pereira, Bubok Editora

4 comentários:

  1. Grande! Mais um excelente contributo, uma verdadeira lufada de ar fresco. Zé

    ResponderEliminar
  2. José podes crer... obrigado pelo comentário,
    um abraço

    ResponderEliminar
  3. Amei a poesia do teu irmão. Bem hajas.

    Pareceu-me ver tua Mãe na minha frente.

    Tive saudades.

    Gostava de comprar este livro. Onde o procuro?

    Ele é tão tímido! Talvez seja reservado! Creio que é comum aos poetas!

    O Tó Zé pequenino ( ainda criança ). Quem me dera dar-lhe um abraço de Parabéns e dizer-lhe como adorei o poema dele à vossa Mãe!

    ResponderEliminar
  4. Um comentário enviado a meu irmão, via email, por alguém da família com um pouco mais de idade do que eu.
    Pela sinceridade das palavras, pela preciosidade do flagrante ao menino "EU" pequenino chamado Tozé, pela ternura da fotografia do comentário, transportei-o para aqui.
    Quanto ao livro onde se encontra o poema, é o que se intitula de "60 POEMAS POR ORDEM ALFABÉTICA".
    Terei muito gosto em oferecê-lo à autora do comentário.
    Obrigado CB
    Um abraço

    ResponderEliminar

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...