segunda-feira, fevereiro 28, 2011

CRISE: AONDE ESTÁS?


Enche-se a boca com a palavra CRISE.
Isto está péssimo, diz o pobre, o rico diz o mesmo, o político, o financista, o economista, o jurista, o indolente, o trabalhador, o sindicalista, o arrumador de carros, o comunista, o fascista, o religioso, o ateu, o intelectual, o toureiro, o fadista, a prostituta, o reformado, o estudante...
nunca se viu um país tão derreado como este.
Saio para a rua em busca de factos que justifiquem tal queixume.
Deixo para trás na televisão imagens dramáticas no Iraque, no Afeganistão, por toda a África, todo o Magrebe em chamas... um mar de sangue ali, uma carência de alimento extrema acolá.
Em Portugal o que vejo?
Estradas de luxo pejadas de carros onde dantes nem havia estradas de luxo nem carros.
Montes de gente a falar horas a fio ao telemóvel, onde dantes ninguém tinha telemóvel, nem coisa parecida.
Milhões na Internet, que custa dinheiro como é sabido, onde dantes não havia Internet, nem coisa parecida.
O Pavilhão Atlântico esgotado com concertos, onde dantes não havia Pavilhão Atlântico nem concertos, nem coisa que se parecesse.
Tudo a viajar de avião e para bem longe onde dantes nem havia viagens de avião, nem coisa que se parecesse.
Férias de luxo, de lá para cá de cá para lá: Nova Iorque, Republica Dominicana, Caraíbas, Brasil, Disneylândias, Tailândia, Singapura, Polo Norte, Polo Sul, cruzeiros para todos os gostos...
onde dantes quem fosse a Paris, que agora é logo aqui, era um herói do caraças.
Estádios de futebol de encher o olho. Centros comerciais modernos de pasmar.
500.000 estudantes universitários em vez dos 30.000 dos anos 60.
A barragem do Alqueva como nunca alguém imaginou vê-la: enorme e cheia de água!
Liberdade, segurança, democracia, oportunidades, livre circulação... não há polícia política, nem polícia dos costumes, há separação de poderes entre a Igreja e o Estado...
Crise?
Eu diria que há crise sim, para quem só vê o que não tem e não vê o que tem.
Crise para o louco que nunca está satisfeito, para o invejoso, para o que se acomoda, o indolente, o que se rende, o que se encosta no politiqueiramente histórico: DIZER MAL.
Para o oportunista que ganha com isso, o velho do restelo que criou o hábito de dizer mal do seu país.
Em vez de perder tempo a dizer... MAL MAL MAL...IRRA...
não diga mais nada, DÊ O PASSO E FAÇA!
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Um poema:

A RAIVA DOS OUTROS

Ouço estático sem opinar
as palavras dele que saem
contundentes desafiantes
ideias construídas
glórias próprias abraçadas
encadeadas em conceitos dogmáticos

o meu silêncio aparentemente sereno
não reactivo
não colaborante
deixa lentamente
o interlocutor chegar sozinho
ao fim dos argumentos

colérico zangado brigão
roxo transtornado
tanta a revolta e ansiedade
a presunção de ganhar em toda a afirmação

figura arrepiada arrepiante!

podia ver-se o medo que o discurso encobre
na falta de confronto
a dúvida
o esgotamento
a solidão
que está por detrás do argumento

é como disputar no futebol
lá nas alturas
a bola que subiu subiu
e vai cair entre jogadores
um eleva-se veloz pesado forte
em força fúria bruta
quase a matar

o outro que a disputa
mais inteligente
percebendo a intenção maléfica
do adversário
deixa-o saltar
e habilmente esquiva-se
deixando-o elevar-se atabalhoadamente

e no afastamento hábil
que faz
em vez de levar com ele em cima
zás
é a besta quem cai desamparada
vinda das alturas
estatelando-se no relvado
sem que o outro lhe sirva de almofada!

do livro "CRÍTICOS AVULSO (o bota abaixo no mediatismo)"
António Esperança Pereira

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

ACORDO ORTOGRÁFICO NO PAÍS DE SÓCRATES


Um menino pequenino que começa a dar os primeiros passos na sua língua mãe, assim me sinto eu quando aplico o Novo Acordo Ortográfico.
Tento aplicar a nova ortografia ao escrever no computador, mas logo o Word me aponta o erro.
Lido mal com o erro.
Creio que vem da instrução primária, quando os professores do meu tempo sublinhavam os erros a encarnado grosso, chamando nomes feios a quem errava.
Havia até castigos, por vezes bem severos.
Mesmo assim continuo a tentar, quero acreditar que sou capaz, o poema que hoje apresento abaixo será o primeiro em tal registo, de acordo com as normas do NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO.
Não prometo que seja para ficar, mas com denodo e com o tempo hei-de conseguir a habituação e traquejo por ora tão difíceis.
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O poema é estranho: reflete(cá está o Word a dizer que escrevi mal reflete (devia ser com um c atrás do t...) a verdade é que já não é.
Fico fulo com esta esperteza saloia do Word! os donos da Microsoft deviam saber que existe o NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO na Língua Portuguesa.
Mas dizia eu que o poema de hoje é estranho.
Eu diria que reflete um pouco o mundo atual.
Cada vez maior a necessidade de um tempo para parar, respirar, sentir-mo-nos!
Ali ouço na televisão que um qualquer ditador do norte de África se prepara para defender a tiro o seu (dele) país.
Fico a imaginar mais um banho de sangue.
As televisões todas contentes com audiências em alta...
Além leio que o Engenheiro José Sócrates vai à Alemanha ter com a Senhora Angela Merkel: não sei se para falarem de uma Europa a sério, se para continuarem a fazer a distinção entre bons e maus, entre ricos e falidos...
Leio também que os jornalistas Judite de Sousa e José Alberto de Carvalho trocam a RTP pela TVI... talvez copiando o amor à camisola dos jogadores de futebol, que se reduziu a $$$$$$!
Depois o PSD a pugnar por emprego mais precário do que já está (isto segundo eles para dar a possibilidade de haver uns trocos para pessoal que não tenha népia...
Acabo o meu rosário de novidades com mais uma daquelas princesas bonitas saídas dos contos de fadas e que a realeza britânica tão bem sabe rendibilizar.
O povo gosta, paga para ver, para ler, para bajular a realeza.
Fazem eles muito bem.
Antes fazerem aquilo do que andarem aos tiros no Iraque.
Digo eu...
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O Poema


ALGUM CANSAÇO

Quando faço no lugar
um aqui agora consciente
calmamente a meditar
deteto algum mal-estar
quando me ausculto

talvez algum cansaço
na cabeça
a noite longa pesadelo
sono curto tempestade
para tanta atividade
tento respirar profundamente
levando em atenção
para lá mais ar

inspiro tão fundo quanto posso
sem forçar
e um azulado oxigénio
a entrar pelas narinas
fresco e bom
inunda a cabeça de bem estar

assim fico sentado
um tempo a respirar
consciente concentrado

faço bem porque o sinal vem
em mais conforto apaziguamento
um ruído subtil
no plexo solar
a confirmar
que está tudo bem e a fluir
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PS. se estranharam o "deteto " e a "atividade" acreditem que eu também estranhei!
Um abraço amigo do,

António Esperança Pereira

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA

Só para divulgar uma notícia importante que me chegou da Bubok Editora, com grande interesse para quem tinha ou tem dificuldade em efectuar compras on-line com cartão visa ou via paypal.
Tal dificuldade era-me transmitida por muita gente quer virtual quer pessoalmente. Pois bem, podem agora via TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA adquirir qualquer obra em www.bubok.pt.


A notícia divulgada pela Bubok Editora

Em resposta aos pedidos de alguns autores e leitores, incluímos a opção de transferência bancária nas modalidades de pagamento na Bubok.Pt.

Agora já não há obstáculo algum para que o vosso livro chegue a todos os que o querem ler!

Todos os pormenores sobre como usar esta nova forma de pagamento, estão descritos aqui: http://www.bubok.pt/blog/nova-forma-de-pagamento-disponivel-na-bubok/

terça-feira, fevereiro 22, 2011

OS PIORES DITADORES DO MUNDO

A famosa revista americana Foreign Policy publicou em sua última edição, uma lista intitulada “Os piores dos piores líderes do mundo”. A publicação listou 23 nomes do que há de pior na política mundial. São ditadores, presidentes e tiranos que usam seu cargo para desrespeitar os direitos humanos em benefício próprio.

Enquanto vivem na riqueza, às vezes em palácios, seus compatriotas sofrem com vários problemas: doenças, tortura, fome, miséria e falta de liberdade de expressão. Muitos estão há décadas no poder e não pensam em passar a faixa para outro presidente. Só pensam em seus negócios e em massacrar a oposição e a democracia.
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Deixo uma lista dos primeiros 15 dos 23 citados pela revista, para não massacrar os leitores do blog.
Chamo a atenção para uma característica em comum: permanência no poder durante muito tempo.
Também o fim dos mesmos nunca é grande coisa: se não caem de uma cadeira, alguém os ajuda a cair...ou bem pior que isso!
Cuidem-se ditadores, saiam enquanto é tempo.

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A lista dos primeiros 15:

*1. Kim Jong-il, da Coreia do Norte, 16 anos no poder
*2. Robert Mugabe, do Zimbábue, 30 anos no poder
*3. Than Shwe, de Mianmar, 18 anos no poder
*4. Omar Hassan Al Bashir, do Sudão, 21 anos no poder
*5. Gurbanguly Berdimuhamedov, do Turcomenistão, quatro anos no poder
*6. Isaias Afwerki, da Eritreia, 17 anos no poder
*7. Islam Karimov, do Uzbequistão, 20 anos no poder
*8. Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, cinco anos no poder
*9. Meles Zenawi, da Etiópia, 19 anos no poder
*10. Hu Jintao, da China, sete anos no poder
*11. Muammar al Qaddafi, da Líbia, 41 anos no poder
*12. Bashar al Assad, da Síria, dez anos no poder
*13. Idriss Déby, do Chade, 20 anos no poder
*14. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, da Guiné Equatorial, 31 anos no poder
*15. Hosni Mubarak, do Egito, 29 anos no poder

Um poema meu alusivo ao tema, do livro PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?




OS DITADORES E A RAZÃO

A sociedade julga sempre as situações
chama nomes
faz marcações
num controlo apertado
que nem serve gregos nem troianos
por desactualizado

qualquer líder medíocre
parece genial
basta-lhe berrar o trivial
que assim é bem
assim é mal
que assim é justo
assim injusto

se houver animação
não controlada
leva-se porrada
a conter a intuição

e o impulso morre assim
na proibição do não
a matar o sim

tantas regras de conduta
proibições
que só dão impedimentos
frustrações

alivie -se o ser de tanto racional
soltem-se as emoções os sentimentos
diga-se basta aos ditadores
a tanta gente a mandar mal

António Esperança Pereira

domingo, fevereiro 20, 2011

Novas aplicações no blogue


Finalmente consigo atinar com duas aplicações de extrema utilidade:
Uma das aplicações refere-se a um esquema de tradução do blogue de Português para várias línguas.
Se um alemão, chinês, russo, americano, espanhol, francês, etc. der com meu blogue, pois poderá passar em revista o que aqui está escrito.
Basta para tal clicar na sua bandeira e terá o portuguesíssimo blogue www.minhapoesia.net automaticamente traduzido para a sua língua mãe.
Tempos de grande inovação sem dúvida e aproveitá-la no que tem de bom deixa-nos gratos.

A sugunda das aplicações, talvez menos vistosa, tem apesar de tudo, uma valia enorme para o blogueiro que sou.
Trata-se de uma ferramenta que permite ao visitante do blogue poder indicá-lo a um amigo.
Basta clicar em ENVIE ESTA PÁGINA A UM AMIGO e o leitor prestará um bom serviço ao blogue dando a conhecer o seu conteúdo a alguém seu conhecido.
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Por força dos tempos conturbados que se vivem em termos de EUROPA, ultrapassagem da crise (ou não) deixo-vos uma recente criação a que vale a pena passar os olhos.

EUROPA SONHO LONGE?

Chama-se Europa já não se sabe a quê
há moedas diferentes
velhos impérios persistentes
países que caem como tordos
ao lado de parceiros
ditos fortes

parece agora longe
o sonho de antes

Europa para se chamar assim
tem que entender geografia
veja-se o mapa
siga-se nele os seus contornos

depois em vez de impérios
reis andados outros vivos
no activo
em vez de glória ida
Europa se o queres ser a sério
olha para ti define-te fortalece-te
que a força nova se a queres ter
está em ti

seres só um espaço brincadeira
podes sê-lo
meninos velhos em roda da fogueira
grupo de amigos a fazer de conta
serás simpática
idealista democrática
mas os fortes que o são
quando chegar a hora
zombarão de ti

manta de retalhos preconceitos
falido ali mau acoli
fascista aventureiro
comunista
norte sul este oeste
pára a música atoleiro
novelo ideias feitas
em que te enrolas
nasce
vira a página
muda já que o tempo urge

chega de brincar à moda antiga
fadas príncipes encantados
impérios amores intrigas
o forte e o fraco equivocados

se queres ser forte tens que ter força
se a não tiveres
têm-na os outros
são eles quem manda por unidos
são eles quem ganha
em nos terem desunidos

António Esperança Pereira, Bubok Editora

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Berlusconi e Rubygate


Porque da Europa se trata, porque é ela o nosso espaço geográfico, com políticas comuns, porque a Itália é um dos Estados mais importantes da construção europeia, hoje dou espaço de notícia ao Sr Berlusconi.
Meu poema é também basicamente nele inspirado, e não só!

A notícia

O primeiro-ministro italiano vai ser julgado em Abril por acusações de prostituição de menores e abuso de poder no âmbito do caso "Rubygate".

A juíza Cristina Di Censo, citada pela agência noticiosa norte-americana AP, considerou haver fundamentos para levar Berlusconi a tribunal por suspeitas de ter pago a uma jovem de 17 anos por relações sexuais, e de ter tentado encobrir a ligação.

Segundo informou a juíza para as investigações preliminares Cristina di Censo, o julgamento começará a 6 de Abril no Tribunal de Milão, no qual Berlusconi tem pendentes outros dois processos, assim como audiência preliminar.

Esta decisão vem dar razão ao pedido dos magistrados de Milão, que exigiam o julgamento imediato do primeiro-ministro. O facto de os acusadores públicos terem decidido prescindir de uma audiência preliminar significa que consideram ter em seu poder provas suficientes para levar por diante o caso.

Berlusconi é acusado de ter tido sexo com "um número significativo" de jovens profissionais do sexo. Embora frequentar prostitutas não seja ilegal em Itália, passa a ser crime, punível com prisão, no caso de estas terem menos de 18 anos.

A imprensa apelidou o caso de "Rubygate", porque uma das prostitutas a que Berlusconi terá, alegadamente, recorrido, usa a alcunha profissional de "Ruby". A jovem dançarina marroquina tinha, na altura dos alegados factos, 17 anos.

O poema


CANDIDATO

Neste mundo mediático
no candidato a liderar
tem pouco lugar o justo o honesto
o que tem pouco de seu
só intenção

o povo dá mais atenção
ao influente ao populista
com quem talvez
lá no fundo se identifica
sonhos frustrações
que se revêem
no peculiar jeito de agradar
do porreiraço

capaz de ganhar
numa disputa
levar para a cama
uma loiraça morenaça
prostituta
dar um beijo um abraço
na rua ou na praça

adoram-se santos no altar
para fins de oração
não importa deles acção
que sejam fortes ou argutos
só que ouçam perdoem feios actos
que possam a consciência aliviar

o santo é mais o anjinho que consola
o lado de lá da javardice
que incomoda a tola

na política há que ter outras virtudes
que encham bocas sequiosas
alimentem midia dissecando seus pecados
vistas as coisas
todos ganham com isso
os políticos ficam assim mais afamados
críticos sem fim muito bem pagos

mudam-se os tempos mudam-se vontades
dantes muitos reis malucos a reinar
hoje muitos lideres devassos
a governar

em boa verdade se diga
personalidades recatadas e honestas
hoje em dia
soam a poucas sociabilidades
sem cheiro ao dinheiro farto
que o povo quer
venha ele de onde vier

para uns
padre nossos ave Marias
alfaces tintol e batatinhas
para outros
champanhe caviar

moralidades que não enganam as alminhas

se os devassos há que reprovar
dos pregadores há que desconfiar!

António Esperança Pereira, Bubok Editora

terça-feira, fevereiro 15, 2011

PEDRO ÁLVARES CABRAL: HOMENAGEM


Destaco hoje a notícia da homenagem feita a Pedro Álvares Cabral.
Primeiro, pelo grande português que foi, é e será;
Segundo, pela descoberta desse enorme Brasil tão longínquo na altura, hoje cada vez mais perto;
Terceiro, pelo contributo decisivo que teve na afirmação de Portugal no mundo através da sua maior riqueza: a Língua Portuguesa.

Numa altura de implementação do NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO à Língua Portuguesa, a cuja aplicação me tenho mantido reservado, afirmo hoje solenemente que não será por força de uma qualquer revisão ortográfica que a pujança do PORTUGUÊS deixará de se afirmar como uma língua cada vez mais moderna, mais atractiva, mais universal.

Prometo em próximos capítulos começar a encetar meus primeiros passos no PORTUGUÊS PÓS ACORDO. Para já não o faço por temer o erro, que me faz lembrar antigos castigos relacionados com palmatorias...
também o sublinhado a encarnado que tão burros fazia parecer os meninos de sua mãe.


A Notícia

Santarém, 14 fev (Lusa) - A ministra da Cultura homenageou hoje, em Santarém, o navegador Pedro Álvares Cabral, frisando que "a afirmação do seu legado" passa pela promoção da língua portuguesa no mundo.

Nesta homenagem, que aconteceu 50 anos depois dos municípios de Santarém e de Belmonte terem decidido partilhar os restos mortais de Álvares Cabral, a ministra da Cultura afirmou que "a língua portuguesa, que Cabral levou para lá do Atlântico, é inquestionavelmente o nosso primeiro e mais valioso património".

"Temos de estimá-la, preservá-la, fomentar a sua prática e difusão, de forma transversal e permanentemente", apelou Gabriela Canavilhas, dando exemplos de ações concretas que estão a ser tomadas quer em Portugal quer no Brasil para a concretização deste objetivo.

O poema

do livro PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?

PORTUGAL MUDADO

É sempre mau
há sempre quem se encolha
quando neste país o sonho tem dimensão grande

é coisa demais logo se diz
apequenamos
criticamos receamos amaldiçoamos

ficamos tolos
maldizentes
as coisas que dizemos
de quem ousa de quem quer

enfermamos de males de mesquinhez
quando o que se quer é avançar
sair da pequenez
a que o retardar de tantos anos
nos levou

estranho povo grande
que gosta de chorar gemer
desanimar
antes mesmo de tentar

e o tempo que se perde
com os que não querem avançar
que se assustam quando surge
uma avalanche força que não pára
que não dá para travar

é por entre olhares desconfiados
palavras duras de caciques
escaramuças acesas à mudança
que a obra enfim irrompe

ainda bem que o futuro mostra sempre
que o que deslumbra mesmo
é a obra grande
o valor que temos
a ousadia de que somos capazes

e quando a obra enfim se cumpre
é vê-la admirada pelo futuro e pelo mundo

cumpra-se pois um Portugal sem medo
e que os oceanos e as vidas que ceifaram
quando os transpusemos
os feitos que trouxeram
sejam exemplo
para outros feitos á nossa medida

GRANDES

calem-se de vez os velhos do Restelo
calem-se os cínicos os provincianos
para que Portugal se cumpra
de vez.


António Esperança Pereira, Bubok Editora

domingo, fevereiro 13, 2011

LEI DE SALAZAR: um mimo, clique sobre a imagem para a ampliar


Hoje abordo um tema sério com algum humor, bem ao jeito do "Diácono dos Remédios", personagem bem conseguido na televisão com o talento do Herman José.
Aquela figura moralista que só vê maledicência em qualquer acto humano, que consegue ver, ler, adivinhar, inventar javardice nos mais pueris actos, palavras e intenções.
A moral e bons costumes que levadas ao extremo tanto corroem as liberdades mais elementares do cidadão.
"Bem prega frei Tomás, fazei o que ele diz não façais o que ele faz" já retorquía o ditado popular desconfiando dos pregadores de tanta MORAL E BONS COSTUMES.
Recebi um email com um velho decreto do Salazar, fartei-me de rir, por isso o partilho publicamente, nem só de coisas sérias vive o homem, e para quem ainda duvida de que as coisas mudaram muito de então para cá...confira:
E acredite que o Decreto não é assim tão antigo, embora para muitos possa parecer. Muitos dos actuais governantes já eram crescidos ao tempo...
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Um poema


HERDAMOS MUITA TRADIÇÃO do livro VIDA SOBE E DESCE

Herdamos muita tradição
fazes assim assim não fazes
vai por ali por ali não
e tudo vira “déjà vu” obrigação

aceitável o esforço de cada geração
na censura que faz
ao que também faz
e não transmite

a rebeldia nasce aí
experimentar o que ninguém ensina

mas logo termina
quando o não se faz
o é proibido vem ao de cima
e é o “rebelde” quem ensina

e volta a mesma sina

o rebelde cresce
fica pai avô e só atina
a transmitir o que é consensual
no sítio cultural em que se insere
e que não levanta muito pó

os bons costumes a moral
são a fachada
o resto que se faz mas não se diz
fica na consciência
dá cabo dos nervos da paciência
porque há muito que se cala
e não se exprime

se eu dissesse o que faço
e que “não se faz”
se eu fizesse o que apetece
e o dissesse
se eu dissesse o que "se não diz"

melhor ficar calado escondidinho
para não acabar sozinho

mas com tanta contenção
ganha-se em esforço aceitação social
perde-se em descoberta
felicidade pessoal que a vida pede

António Esperança Pereira, Bubok Editora

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

LUSOFONIA EM DESTAQUE


Bem interessante a notícia que hoje se destaca, embora o assunto não seja novo.
Todavia, para um povo que foi levado à descrença em si próprio por dezenas de anos de atraso, ditadura, isolamento, pessimismo, triste fado, esta notícia pode constituir mais uma achega a um reabrir os olhos deste POVO GRANDE.
Veja-se o que se tem, não o que se não tem. Olhe-se para cima sim, mas olhe-se também para o lado e para baixo.
Quisera eu que a média mundial de qualidade de vida, só que fosse, estivesse à medida deste "horrível Portugal", imagem de marca de alguns pregoeiros da desgraça, que só conseguem ver o seu país um sítio pobre, acabrunhado, desiludido, sem esperança.
Foi nesse Portugal que eles reinaram. É esse Portugal que eles perderam e os baralha tanto. Nem se adaptam a que voltemos a ser grandes, esta é a verdade que a muitos dói.
Coitados! que bem necessitavam de um estágio num desses países realmente pobres e tristes, que infelizmente abundam ainda mundo fora.
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A notícia

quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2011

Jornal galego aplica novo acordo ortográfico

O jornal mensal galego Novas da Galiza está a aplicar desde janeiro o Acordo Ortográfico da língua portuguesa de 1990 no que um dos responsáveis pelo projeto considera ser o reconhecimento da importância da lusofonia para o próprio galego.

“Em termos de fortalecimento do idioma, aplicar o AO aproxima muito o português e o galego porque as pessoas começam a ver futuras mais valias económicas e políticas para o galego. Começam a ver a lusofonia como um mundo mais forte em que faz todo o sentido estarmos”, explicou à Lusa Eduardo Maragoto, coordenador da equipa de aplicação do AO no jornal.

O número de janeiro do jornal – que se considera “reintegracionista” - aplicou o AO numa nota editorial em que explica a decisão de adotar o AO em todos os textos de português padrão que sejam publicados no jornal.

A questão linguística na Galiza, e a defesa do galego, têm sido um dos aspetos mais polémicos para esta região a norte de Portugal, sendo que, em geral, quem usa o português na Galiza “fá-lo para defender o próprio galego”, como explica Maragoto.
“Poderá haver casos de pessoas, nas universidades e no meio científico que usam o português não por motivos políticos mas científicos. Que consideram que o galego e português são a mesma língua. Mas a maioria usa-o para defende o galego”, afirmou.

Maragoto explicou à Lusa que esta questão se torna crucial no seio do movimento que tenta proteger e preservar o galego e, nomeadamente, nos meios de comunicação “próximos a esse movimento”, como é o caso do Novas da Galiza.

“Há uma parte significativa, não maioritária da população, dos apoiantes do galego, que escrevem em português. Que editam jornais e paginas web. Dentro desse grupo há quem use o português padrão. E há quem use uma aproximação bastante grande ao português padrão. Tanto uns como os outros juntaram-se e decidiram aplicar o acordo”, afirmou.

Maragoto explica que é uma mudança progressiva que se formalizou agora no Novas da Galiza, o jornal generalista “mais importante” deste movimento.
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o poema

do livro PORTUGAL PERIFÉRICO OU...O CENTRO DO MUNDO?

Antes e depois(recordando o 25 de Abril)

Dias longos nostalgia
espelhada em cada rosto português
uma amargura que ainda hoje se vê
nos filhos dos filhos daquele tempo
que na flor da idade
iam para a guerra longe
sem saberem bem para onde
nem para quê

o horizonte europeu fronteira de Castela
estava bem fechado
ninguém saía nem entrava

pides guardas fiscais carabineiros
cerravam bem fileiras
disparando sobre quaisquer aventureiros
num Portugal amordaçado
sem liberdade nem pão nem educação

país arcaico empobrecido analfabeto
que sem tostão nem ganha pão
clandestinamente emigrava

fugir era o sonho ficar o pesadelo

na nossa própria casa aprisionados
na nossa própria casa condenados
degredo guerra pensamento censurado
um país grande em história
por décadas adiado

bravo foi o grito que soou
o sonho que chegou
“25 de Abril de 1974”
o meu país em festa

pontapé na guerra chuto nas masmorras
Portugal livre nas palavras
meu país velhinho a nascer de novo
os cravos eram as flores
a liberdade a esperança nova

Portugal respirava cantava renascia

a Europa aplaudia o mundo ansiava
o colonialismo acabava

hoje evocando aquela data
só lamento
o tempo perdido
as vidas ceifadas
a Pátria adiada para nada!

António Esperança Pereira

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Cavaco Silva sem um Primeiro Ministro que trabalhe?


Ninguém é insubstituível, nem o carismático José Sócrates.
Goste-se ou não se goste, ele fez a diferença na governação de Portugal dos últimos anos. Pelo empenho, pela paixão, pela inovação, pelo optimismo e crença com que transporta o seu país.
Felizmente para Portugal que tem por aí muita gente capaz além dele.
Mas se o querem substituir pelo desgaste de tempo na governação, chamo a atenção de que o deputado Guilherme Silva, na notícia que hoje aqui destaco, manifestou tal desejo diante de alguém que está à frente dos destinos de um Governo Regional há cerca de 30 anos...
Bizarro!
Eu acrescentaria senhor deputado, que há primeiro que encontrar, dentro da classe política candidata à sucessão do actual 1.º Ministro, alguém com determinação, dinamismo, vontade de trabalhar, vontade de inovar neste mundo em permanente mudança.
Alguém com vontade de manter o prestigiado Serviço Nacional de Saúde, alguém que não facilite despedimentos, alguém que não subsidie luxos e deixe para trás carenciados, na Educação, na Saúde, na Segurança social.
Alguém que aposte forte na intervenção do Estado como moderador da iniciativa privada.
Alguém que não faça Portugal retroceder ao país arcaico e rural que há bem pouco tempo era e que fazia parte do 3.º Mundo (o país da outra senhora)
Se acrescentarmos que quem conspira derrubar o governo são, PCP, CDS e PSD, que Deus nos acuda com tal caldeirada que só cheira a esturro.
Depois, Cavaco Silva sem um Primeiro Ministro que trabalhe... não vai sentir confortável a sua postura paternalista, moralista, de um professor que gosta de ver o seu país como um país de meninos de escola a fazer contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir.
Digo eu...
Portemo-nos bem a bem da Nação!
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Notícia:

Guilherme Silva (PSD) defende que é preciso mudar de Governo

Lisboa, 09 fev (Lusa) - O deputado do PSD eleito pela Madeira Guilherme Silva defendeu hoje, a propósito de uma eventual moção de censura, que é preciso mudar de Governo em Portugal porque é essa a vontade da generalidade dos portugueses.

"Os responsáveis políticos e, em particular, os deputados têm a obrigação, em cada momento, de procurar interpretar o sentir generalizado do povo português", declarou Guilherme Silva à comunicação social, no Parlamento.

"E eu acho que toda a gente percebe que, nesta ocasião, aquilo que os portugueses pensam e sentem é que este Governo esgotou toda a sua capacidade de dar seja o que for de positivo ao país. Ou seja, é necessário encontrar outro Governo para Portugal", acrescentou.

Guilherme Silva fez estas declarações depois de ser questionado sobre o apelo feito hoje pelo presidente do Governo Regional da Madeira e do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, aos deputados nacionais eleitos pela Madeira para que votem favoravelmente qualquer moção de censura ao Governo da República.

Um poema


Afinal que coração? do livro CRÍTICOS AVULSO

Afinal que coração?
que sentimento dito solidário amigo
que posto na caneta
na língua afiada viperina
na obra mostrada
só aponta o erro o defeito
para inchar soprar o seu umbigo?

homens ditos sabichões
por suas opiniões
saiam dos conceitos repetidos
dos chavões
mostrem alguma utilidade
á sociedade

fácil dizer mal do que se faz
fácil dizer mal do que se diz
fácil maldizer o outro
o seu país
cantar egóica glória
da própria parca história
fazendo-a assim sobressair

quem sobressai não precisa de mentir
de iludir
o seu valor não assenta em lamechices
tagarelices
em desamor
por não ser maior
apenas caminha pelo seu pé
sem pensar nisso

e ao caminhar
quem tem valor
deixa um rasto que se vê
uma obra para se admirar

António Esperança Pereira, Bubok Editora

domingo, fevereiro 06, 2011

A minha mãe, a todas as mães deste país


Minha última colectânea de poemas "60 Poemas por ordem alfabética" assim a designei. Como sinopse da mesma escrevi:
"Inspirações variadas: o que vai na alma, o momento, a necessidade de escrever, o grito, o desabafo, a crença, a crítica, a opinião, a saudade, a mensagem que nasce às vezes sem se saber porquê… "
Ela é dedicada a minha mãe em particular, pelo que deixo abaixo um poema que consta do livro: "A MINHA MÃE", introduzindo-o com umas palavrinhas saídas ao sabor da pena, ou se preferirem, das teclas.
O livro pode, a partir de hoje, ser visto, consultado ou adquirido CLICANDO AQUI
Pode também clicar no ícon do livro ali sobre o lado direito do blogue.
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Em meia dúzia de palavras quem foi minha mãe?

Segunda grande guerra mundial, 1939/45, quatro filhos nascidos em pleno decurso do conflito. Dos quatro, só eu nasci após o fim das hostilidades.
Heroína à sua maneira, mulher forte, determinada, com um sentido apurado e exacto de futuro.
Com muita inteligência sentia que o futuro seria melhor do que o "presente" que lhe era dado viver.
Empenhou-se por isso em dotar os filhos com estudos suficientes para que melhor se defendessem dos desafios da vida e a enfrentassem com mais sucesso. Deu quase tudo para o conseguir.
Num tempo em que tudo era pouco, difícil, atrasado, o dinheiro escasseava, os estabelecimentos de ensino que existiam ficavam longe de casa... mesmo assim, conseguiu!
Para além de ser forte, determinada, ter sentido de futuro, gostava de flores. Gostava muito de flores.
Na terra semeada que rodeava a casa de habitação não lhe bastava ver crescer batatas, nabos, hortaliça, vinha, cereal. Aí plantou, semeou, não poucas vezes, canteiros de amores, violetas, crisântemos, ervilhas de cheiro, rosas, que depois dava a quem lhas pedisse.
Vincadamente herdei dela a minha crença nas FLORES! também o mundo mais colorido, com mais modernidade, oportunidades, prosperidade, com que sempre sonhou.
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O poema:

A MINHA MÃE

Beira Alta florida
nos canteiros espalhados pelos quintais
tantas pétalas meu Deus
que aqueles olhos viram
semearam
onde ás vezes só pedras havia
nada mais

o sol aquecia pelo verão
as cores das flores das rosas
eram sonhos de amores
sei lá que mais

o que aquelas mãos tiradas do regaço
faziam!
moldavam cortavam semeavam
com traços de artista
a beleza quase infantil
de quem tanto bem lhes queria

Beira Alta florida
perfume eterno amálgama de ser
Mulher flor quintal
Mulher mãe
que quis que a vida fosse
um sonho lindo
com as cores do arco-íris…

espelhadas no maravilhoso amor
único
eterno
doce
semeado no pólen depois mel
dos seus quintais.

António Esperança Pereira, Bubok Editora

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

DITADURAS BOAS E DITADURAS MÁS


De ingénuos todos temos um pouco, de distraídos também, medo e coragem todos temos. Vencido o medo solta-se uma coragem dos diabos!
Eu sabia tudo isto desde há muito tempo. Cresci numa DITADURA, a de Salazar e os que com ele foram colaborando.
Devo dizer que para nós, lusos, era muito mau viver assim. Super atrasados, os estrangeiros tinham pena de nós, não havia liberdade de expressão, de opinião, de reunião, de circulação... ou seja só havia liberdade para fazer o que o regime deixava que se fizesse.
Apesar disso, nunca vi aparecerem democracias mais próximas ou mais longínquas dar uma mãozinha, um empurrão forte para forçar a queda de um tal regime caduco, atrasado, opressor, repressivo, cheio de detidos, presos, deportados, ameaçados, militares contrariados, organizações de juventude fascistas.
Essas Democracias mandavam umas bocas pouco mais.
Eu era ingénuo, novo, distraído, não compreendia porquê.
Ainda por cima eram os soviéticos, os tais vermelhos maus, comunistas, bolchevistas etc etc. quem na altura mais apoiava e influenciava directa ou indirectamente a libertação dos oprimidos (colónias) e consequente queda do regime Salazarista, no caso português.
Se na altura isso me baralhava, agora sinto-me perfeitamente esclarecido.
Basta olhar para as ditaduras do Médio Oriente, ultimamente tão mediáticas, para ter a resposta.
É que hoje sou menos novo, menos ingénuo, menos distraído.
Em boa verdade se diga que para as "DEMOCRACIAS" há "DITADURAS BOAS E DITADURAS MÁS", consoante os interesses já se vê, não as convicções, os ideais.
Não ajuda a separar as águas, é muito mau para a DEMOCRACIA!
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Deixo um poema:

Fronteira de Vilar Formoso


Agora entendo o sítio berço onde nasci
e porque lá nasci
pedras urzes muito tédio
atraso enxada arado e rebanhos
muito o suor poucos os ganhos
em trabalho sol a sol

um presente sem porvir ali
trocava-se tudo por um caminho de França
chão família amigos
também os cães da altura
abutres canibais
que faziam do país o que era então

um estéril chão
triste acabrunhado
pides passadores famintos trabalhadores
levados como gado e despejados
nos esgotos de Paris
nos bidonvilles
bravos portugueses despojados
rotos de roupa
botelha sem vinho
boca sem naco de toucinho

nasci por ali Vilar Formoso
fronteira de Deus e do diabo
trem solitário mãos saudade
que tão tristes iam

emigração clandestina a salto
dos tais vigaristas passadores
que tiravam a pele o osso
todos os vinténs a trabalhadores angariados

a diferença que havia logo ali
raia de Espanha desolada e fria
do lado de lá e do lado de cá

uma estrada larga rica grosso asfalto
do lado de lá
a contrastar com a estradita estreita pobre
pintada de negro esburacada
a fingir que era asfaltada
do lado de cá

não condeno os abutres canibais
os que bem se governavam
no quanto pior melhor
eram do regime tosco maltrapilha
os labregos de fato e de chapéu
que exploravam do povo seu suor

condeno sim os que viam vergonha em tal atraso
(e viam bem porque doía)
acharem hoje nosso progresso modernice
um exagero destemperança

amplas rodovias
fronteiras desaparecendo
mais igual em tudo o cá e o lá
gente livre que sai que vai que vem que passa
sem policiais vigaristas aproveitadores
do país com medo de outro tempo

tempo e atraso de que só pode gostar
um saudosista louco
um triste um mentecapto
alguém que por zangado e frustrado
nem consegue distinguir deus e o diabo

nasci por ali ainda bem
hei-de contar o que então vi e o que ora vejo
hei-de lembrar memórias que não esqueci
de um país salazarento sórdido doente
um intervalo Portugal adiado
hoje aqui meu país de Abril
moderno livre aberto e atraente

país que enfim retoma
o caminho o sonho a aura a glória
que a história lhe confiara dantes.

António Esperança Pereira em livro a publicar brevemente

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Literatura: Prémio Manuel Alegre sem vencedor


Notícia:

Aveiro, 01 fev (Lusa) - O júri do Prémio Manuel Alegre, instituído pela Câmara de Águeda, decidiu este ano não atribuir o galardão, por as obras a concurso não apresentarem qualidade, anunciou hoje a autarquia.

Numa reunião realizada no início de janeiro, o júri "decidiu por unanimidade não atribuir quaisquer prémios às propostas apresentadas nesta segunda edição", refere um aviso da Câmara.

A decisão, segundo a mesma nota, foi tomada com base na alínea 3 do artigo 7.º do regulamento, que diz que o júri "reserva-se o direito de não atribuir o prémio caso os trabalhos não apresentem qualidade".


Achei interessante a notícia, por um lado ainda bem que não concorri, já que quem concorreu tinha pouca qualidade para ganhar o prémio.
Por outro lado, às tantas era a minha oportunidade de o arrebatar, caso concorresse;)


Bom resta saber o que Manuel Alegre pensará disto.

Como se trata de um momento de certa tristeza, para o prémio e para o MANUEL ALEGRE, deixo um poema igualmente triste:

MOMENTO ULTRA-ROMÂNTICO

Aqui tudo começa
tudo termina
corpo nascente
que depois cresce tem querer
chora ri leva dá
é são adoece
ama anima transborda
enlouquece

ressaca partida abandono
o caos instalado
difícil saída
nuvens pesadas não deixam caminho
o estômago aperta a boca grita
o coração entristece

tanta a tormenta a força arrefece
a cabeça exangue adormece

onde estou?
quem sou?
sou capaz?
vou?
onde vou?

o corpo ferido fraco dorido
quase desiste
sem o mimo o oásis partido

passagem por mim aqui
do poeta infeliz
Antero o génio em ti
e eu sei que não sabes
como saio daqui
triste soneto que acaba
no último terceto

triste noivado
Soares de Passos
sepulcro momento
em tão pouco tempo
tudo e nada nos meus braços!


António Esperança Pereira

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...