
Voz da liberdade
Argel
amarga juventude tantos anos
eu inquieto de insónias
futuro incerto
em terras de Pinhel
valia nessa altura
em país adiado
entregue a policiais
outros fardados
pides outros que tais
num regime botas e tamancos
provinciano velho
a voz da esperança
que chegava
jovem forte clara
para bem se ouvir
que um mundo novo melhor
estava por vir
era grande bálsamo tal esperança
na desesperança
ecoavam notícias novas
rádio clandestina
coisas que estavam a acontecer
no Portugal acorrentado
oficialmente mal informado
a voz da liberdade
era o reverso
da censura
da guerra estúpida sem nexo
estropiando
matando vidas
eu ouvia
ora me exaltava
ora entristecia
Abril por vir
noite beirã tão longa e fria
fixei o nome da voz
Manuel Alegre há tantos anos
num futuro por chegar
tão jovem eu era
que dele pouco sabia
sei hoje dele de mim da vida
mais do que então sabia
e ainda aqui estou
ainda aqui estamos
a cinzenta aldeia
virou cidade
as teias de aranha
ganharam rumo
o meu país
muito por força de ti
poema canção
ousadia voz
uma nova visão
vive em liberdade
AQUI
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