
Quais euros?
às vezes nem tostões…
virava-se fato do avesso
tingiam-se usadas camisolas
para voltarem a ser novas
havia livro único nas escolas
o ditador de um lado
do outro o crucifixo
ainda o mapa do império
tudo obrigatório!
nascia-se vivia-se descalço
roto remendado
com botas couraçadas
brochas protectores
quais ferraduras de aço
cabelo bem curtinho
para tudo durar
e pouco se gastar
tempos de pobreza
há uns anos antes
caca nas ruas nos palheiros
gado arado estrume moscas
tudo arrecadado
misturado com pessoas
era parca a água canalizada
nem banho se tomava
e banheiros quem os tinha
eram toscos e caseiros
bacias feitas no lateiro
onde não cabia mais que o traseiro
nem água quente nem chuveiro
nem calor a aquentar a vida
pouca a luz a iluminar a noite
só frio mãos calejadas e frieiras
num horizonte quase nada
pobreza dificuldades
e canseiras
diz agora senhor engravatado
fino de finança
com acesso à politiquice
e governança
que crise actual
é por o país não estar como ele o quer
tal e qual como era dantes(?!)
pois se ele gosta
dos tempos de fome muita bosta
de andar roto descalcinho
sujo sem modernidades
sem dinheiro
nem liberdades
e como vive agora em democracia…
que deixe os luxos as mordomias
e siga o seu caminho
que recrie o ambiente desejado
paredes nuas frias feias
um Salazar um crucifixo
(aqui a culpa não é de Cristo)
um mapa do império
quiçá uma farda da MP
e outro lixo
e que não chateie a gente
porque queremos estar onde estamos
e andar para a frente.
Sem comentários:
Enviar um comentário