
Deliciava-me em passeio de domingo
com coisas pormenores
que fogem á rotina
pela labuta pela pressa
correria ininterrupta
azáfama diária de uma cidade como esta
uma atenção punha-a no que via
outra nos pés do chão incerto
que descia
mal vi um táxi parar na fina rua
bem pertinho a travar
que me fez entrar em vão de escada
para dar lugar á exígua rua
ao carro enorme
que no pequeno espaço agigantava
na frente dele
uma pomba desengonçada
em vias de ser atropelada
essa a razão porque o táxi travara
logo colaborei na situação
enxotando a ave com denodo
aplicação
de tal forma lhe berrava
(à pomba)
gesticulava
que de turista manso de domingo
passei a parecer a quem me visse
um soldado bravo
um lutador apaixonado
ela afastava-se do perigo
caminhava
depois não
voltava
como a colaborar no sim à vida
depois desinteressada a dizer não
aquele táxi gigante não a assustava
apesar desta vez ficar a salvo
deu para entender que aquele ser
em forma de ave
preferia perecer
senti isso no olhar que não trocámos
no penoso esforço que fazia
para se salvar
quando o tempo que o acaso reservou
aos intervenientes
acabou…
eu continuei meu passeio de turista
o táxi desapareceu rumo á avenida
a pomba lá ficou
para já viva!
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