
Gente a vir de todo o lado
corres berrantes vendaval
é dia de encher o saco
fora da rotina habitual
come-se bebe-se
transgride-se
na ilusão de um tempo
a encobrir o tempo todo
parece doideira
falta de senso lucidez
muita cegueira
misturada a estupidez
mas não é
há segredos há medos
gritos entupidos
desejos reprimidos
agressividade
há paixão ausente
presente
vertida loucura
no calor da luta
há ódio encolhido
ali berrado
aos do outro lado
árbitros otários
inimigos necessários
o jogo anima desanima
chuta cabrão
golooooooo
grita-se
és o maior
o estádio agiganta-se
o som ensurdece
as bocas escancaram
as caras rebentam
logo depois
no lance a seguir
o “herói” hesita
enfraquece
perde a jogada
falha
logo se grita
“nódoa” “maricas”
gritos silêncios
insultos ameaças
do princípio ao fim
vitórias derrotas
potência impotência
guerra em paz
é o que um jogo de bola é
uns insultos apupos
asneiras gozadas
às vezes pesadas
a enervarem a tola
mas não passa disso
bem melhor esta guerra
a escoar frustração
que a guerra das armas
na devastação
de vidas ceifadas!