terça-feira, julho 28, 2009

Internet ilusão


Foge-se ao essencial
inventa-se
uma coisa qualquer
alternativa
algo que faça sentir
um pulsar de vida

um link um chat um parceiro
um produto um milagre
uma novidade
um roteiro

inventa-se intenta-se em stress
o que já feito em bonança
águas brandas
desfalece esmorece cansa

é útil entretém diverte
a internet
mas também
foge ao real ao concreto
e tem
muito de inútil abjecto

sem terra caminho chão
malta
perde-se realidade
verdade
sobre o que somos
quem somos
e o que realmente faz falta

internet ilusão
coisas há lá outras não!

domingo, julho 26, 2009

a saúde do amor


Quero viver esquecer que há fim
pôr de lado no instante
o pensamento
soltar-me rir dançar
acrescentar á realidade breve
fugidia
a ilusão bastante
de poder amar-te um dia

acordes musicais
minutos breves
os “ses” mentais
logo escorraçam a ilusão
o quase SIM
no calor a mais
tornando complicada a situação

mais é muito
o mesmo desconsola
ver-te rubra os olhos a luzir
a saúde do amor nunca mais chega

inquietude falta que se tem
do que perdidamente ansiamos
e não vem
porta de saída de abalada
boca sem voz por insaciada

queria dizer tanto fazer tanto
tirar espinhos onde os há
por lá flores amores
beijinhos

e o que sinto é…

uma excitaçãozinha parva parca
entre caminhos
onde sufoca
um coração que tenho por enorme

quarta-feira, julho 22, 2009

aniversário


Hoje é dia de balanço
saborear trunfos triunfos
muitos momentos de glória
igualmente compreender
tantos momentos de inglória

quando o céu nos cai em cima
carregado
a tempestade fustiga
a perda a mágoa castiga

hoje é dia de aferição
de tomar notas
de um ponto na situação
balanço na vida que urge
permanente correcção

dificuldades novidades
alegrias arrelias
sobe e desce
desce e sobe

vida que entendo
incerta
exígua dúbia
vida que é tempo
no tempo que é morte

vale o momento
e o sentido a dar-lhe
vale a utopia de acreditar

vale neste dia
tua companhia
para me dar
a razão de aqui estar

segunda-feira, julho 20, 2009

afinal que coração


Afinal que coração?!
que sentimento dito solidário amigo
que posto na caneta
na língua afiada viperina
na obra mostrada
só aponta o erro o defeito
para inchar soprar o seu umbigo?

homens ditos sabichões
por suas opiniões
saiam dos conceitos repetidos
dos chavões
mostrem alguma utilidade
á sociedade

fácil dizer mal do que se faz
fácil dizer mal do que se diz
fácil maldizer o outro
o seu país
cantar egóica glória
da própria parca história
fazendo-a assim sobressair

quem sobressai não precisa de mentir
de iludir
o seu valor não assenta em lamechices
tagarelices
em desamor
por não ser maior
apenas caminha pelo seu pé
sem pensar nisso

e ao caminhar
quem tem valor
deixa um rasto que se vê
uma obra para se admirar

sexta-feira, julho 17, 2009

atenção cura de mim


Cansado de uma noite longa clareada insone
um acordar frágil seco desconforme
primeira sensação preocupado
a força perdida sei lá onde
na noite das viagens da mente
longe longe
na luta pérfida que por lá acontece
e nos enlouquece

testei assim atenção em mim
no que dela se diz em opinião
ser remédio cura motivação
de tal maneira que pousada
na pessoa numa flor num pormenor
aviva ressalta sublinha reforça
todo o potencial
transmutando a perda a tibieza
o desânimo a dor

na ausência dela pelo contrário
tudo o que existe
fica triste debilitado e morre

senti o lugar e o momento
pus-me todo no instante
tirando tempo ao sofrimento
nem atrás nem adiante
respirei suavemente reparando na vida em mim
no corpo bem presente

a dor aliviou e a novidade
foi a cura pela atenção intensidade
no momento do corpo de mim
no reconhecimento da funcionalidade
de cada parte
sem fora de ali nem longe nem perto

preocupação sem alimento entendi
aferindo os livros que li
que se esgota na atenção ao momento

segunda-feira, julho 13, 2009

neura que explode


O trabalho que dá a nuvem passar
depois de imperar!

o humor virado o lado mau
a neura instalada com estragos reais
que no concreto não leva a nada
o mal que faz a quem assim está
e a quem por perto leva com ela
por tabela

neura que implode
que explode
que arde que morde
por dentro por fora
não permitindo por deformação
em tempo útil controlar a situação

tudo começa e tudo termina
numa qualquer convicção
levada a um pico
de exaustão

a fronteira é mínima de quem assim está
de quem fica sério
denso tenso
mirrando em tal pequenez
e de quem troca a cassete
e dá a volta de vez

quem se habitua a ser admirado
por tal mesquinhez
pelo rosto irado zangado
pela cara que faz
jamais crescerá e entenderá
que é dentro de si que a mudança está

não é preciso ter cara de pau
de mau
estar sempre irado irritado
para se ser louvado e admirado

domingo, julho 12, 2009

vida enquanto a há


Progresso dinheiro prosperidade
mais autonomia longevidade
na gestão diferente e nova
do relógio de presença
que se esgota
ninguém sabe como nem quando

“vida enquanto a há”
o lema novo

enquanto mexe o sangue
e a vontade não esmorece
na dança que aquece
na viagem alucinante
que perdura

quanta a vontade de fazer
de ver de agradecer
de pôr a sabedoria
a gratidão de ser
ao serviço do mundo

mundo acolhedor diverso rico
de vós companheiros de hoje
de sempre de há mil anos
que são a razão de ser
desta terra que todos partilhamos
tão bonita

tal a crença que tenho olhando para vós
tantos os tempos tantas as idades
que o sinto e vo-lo digo
que quanto mais viverdes
mais amardes mais acreditardes
mais a morte morrerá

e a vida espelho desse gosto
dessa escolha dessa crença
rendida por amor dar-se-vos-á
para sempre

terça-feira, julho 07, 2009

o jardim que habito


Sinto que a coragem se me escapa
no adeus a alguém
que fez sentido
que foi ilusão de uma fogueira
elixir terna companhia

de repente…
como da noite para o dia
passado ido
memória fugidia

tudo se esgota morre
como se o que vemos que sentimos
que amamos que tocamos
não passasse de alimento emoção
e logo depois descrença
desilusão
saudade

vale-me na ocasião
ter um pé no abismo outro no chão
esgoto a raiva acumulada
com a mal digerida situação
arrancando a grande velocidade
corro corro corro
até mais não

até cansar desfalecer
embater
com o pensamento na solidão
do quase fim

enfim cansado
aceito que tudo faz parte
que tudo faz sentido
embora o aceite com dificuldade

fico só e fraco um tempo
a barba cresce o apetite desce
mas logo reanimo o alento
e encontro paz na realidade perto

no templo que sou que é meu abrigo
na vitória que sou em geografia
“o meu espaço”
de tal maneira único e divino
que não há amor nem desamor bastantes
que me esgotem no jardim que habito

segunda-feira, julho 06, 2009

valeu a pena


Cheguei aqui
tormentos mil enredos grandes
vida que vivi por aí
na cidade ou no campo

como aprendiz como ajudante
como mentor como tratante
a levar a dar
a rir a chorar

a desistir a insistir
a insistir a desistir
novamente a insistir

ser diverso ser disperso
ora brilhante
aplauso hilariante
ora pigmeu errante
gemidas noites desperto

caindo levantando
levantando caindo
novamente levantando

por ser tanta a caminhada
a dada altura
toda a criatura
se interroga se valeu a pena

mesmo num dia de vento
em que o sopro forte
desconjunta as formas
as irrita
lhes desluz o aprumo
lhes tira o norte

mesmo lembrando
os dias sem conta
á beira do abismo
da falta de sorte
á porta do medo
á porta da morte

eu digo

na minha estatística
de prós e de contras
na balança oscilante
de factos idos
no sítio do rumo onde me encontro

“valeu a pena”

e num pequeno gesto
de quem lembra tudo
e não lembra nada
de quem sabe tudo
e não sabe nada

sentindo o vento abananando a vida
irritando quem passa
dobro a esquina na ventania
e acho graça

sábado, julho 04, 2009

sistema duro ferrugento


O sistema é duro ferrugento
poucas as forças para enfrentá-lo
ou mudá-lo
a fuga é a grande tentação
na desolação
apesar de ser prelúdio
de um qualquer isolamento

só que entre esvair-se sumir-se
anular-se nos papéis previstos
ou perder-se
enlouquecer ao ritmo da vida
enquanto há festa…

que escolher?

diz-nos a razão que em toda a opção
há um preço um aproveitamento
um esgotamento
um sabor a pouco
(amargo ou doce)

mas tudo se ganha se perde num instante
o pai a mãe o amigo o amante
a paisagem
a nossa mocidade que foi ilusão
em certa idade

então…

que antes de anoitecer
e o tempo breve se desfaça
se percam e se ganhem bons instantes
que se cante que se dance que se ria
com chalaça
dos papéis predefinidos chatos
e que a maior asneira
saiba a graça

que quando a alvorada chegar
e não nos vir
inconformados livres consolados
que outro lugar nos dê guarida
na galáxia
e nos acolha em etérea vida!

sexta-feira, julho 03, 2009

cheirinho a anarquia


Cedo fiquei anarca sem ficar
em França livre terra prometida
eu ouvia olhava admirava
no sítio acampado onde ficara
jovens partilhando bens
as namoradas
tudo!

era o futuro então incerto
democracia por vir
no Portugal austero deserto
eu como bom português que era
e por falta de hábito
tanta liberdade arrepiava

não quis alinhar com medo de gostar
disse que não quando quis dizer que sim
logo parti com receio de ficar

era ousado demais o á vontade
era abertura a mais para a minha idade
era avançada demais a ideia
para as pedras as giestas
os xailes pretos da minha aldeia

contudo da experiência breve que espreitei
na fotografia gravada em minha mente
o que ficou
foi uma mão cheia de gente
irreverente
que ousava viver em utopia

longa ou breve a utopia
boa ou má não sei
mas quem a vivesse
tal o cheiro a novidade
a partilha a amor a idealidade
jamais a esqueceria!

dissidentes do século XXI


Só sobressai e nele alguém repara
quando nas televisões
dispara farpas
em todas as direcções

simulando sabedoria e prosápia
numa altura em que a sua área
a “economia”
deu barraca

e nós ouvimos
porque em nossa tradição
damos mais atenção
a quem critica
do que a quem aponta soluções

crítica barata eu dispenso
diversão gozada
sarcástica opinião
falar-se mal avulso
da nossa terra
do nosso chão

podemos com tamanha liberdade
de expressão
em tais senhores
quiçá a soldo de grupos de pressão
e com a nossa atenção…

(povo ingénuo incauto
que engole televisão)

colaborarmos
com o fim de crenças
de valores fundamentais
para guindarmos
aos lugares cimeiros
esta Nação

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...