
Vila simples bucólica
isolada fria histórica
com actividades só campestres
rudes fechadas de horizonte
eu pequenino a crescer nela
a rua de regresso a casa
única
era empedrada estreita
triste na cor no odor
pobre analfabeta
baba ranho e aguardente
naquele jeito xaile e lenço
preto e branco
e o medo que eu sentia ao passar nela!
os cães regressados dos campos
habituados a lobos e a guardar gados
ladravam-me ao passar
eram tempos meus de muito perigo
e pouca escolha
terra como eu só e abandonada
as pedras os barrocais
a torre em sinistro cemitério
as muralhas poligonais
silenciosas
a igreja velha
com cheiro a santos carunchosos
era pouco para uma criança curiosa
transpirando pelos poros
ainda finos
fome de horizonte
de amor de vida de oportunidade
cheguei a querer só brincar naquela idade
para alienar-me
por achar tão pouco a realidade!
daí o valor que hoje dou
ás avenidas largas
ao traçado de auto-estradas
ás vias de entrada e de saída
multiplicadas
aos aeroportos aos aviões
aos projectos ambiciosos
novas soluções
á gente viva que mexe que se agita
em muitas direcções
que é mais culta mais bonita
á cor das flores do século XXI!
Sem comentários:
Enviar um comentário