sábado, abril 11, 2009

vila simples bucólica


Vila simples bucólica
isolada fria histórica
com actividades só campestres
rudes fechadas de horizonte

eu pequenino a crescer nela

a rua de regresso a casa
única
era empedrada estreita
triste na cor no odor
pobre analfabeta
baba ranho e aguardente
naquele jeito xaile e lenço
preto e branco

e o medo que eu sentia ao passar nela!

os cães regressados dos campos
habituados a lobos e a guardar gados
ladravam-me ao passar

eram tempos meus de muito perigo
e pouca escolha

terra como eu só e abandonada

as pedras os barrocais
a torre em sinistro cemitério
as muralhas poligonais
silenciosas
a igreja velha
com cheiro a santos carunchosos

era pouco para uma criança curiosa
transpirando pelos poros
ainda finos
fome de horizonte
de amor de vida de oportunidade

cheguei a querer só brincar naquela idade
para alienar-me
por achar tão pouco a realidade!

daí o valor que hoje dou
ás avenidas largas
ao traçado de auto-estradas
ás vias de entrada e de saída
multiplicadas
aos aeroportos aos aviões
aos projectos ambiciosos
novas soluções

á gente viva que mexe que se agita
em muitas direcções
que é mais culta mais bonita

á cor das flores do século XXI!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...