Eu sei que não
nem sempre a vida é gajas boas
nem sempre se diverte o corpo num bagaço
ou numa pipa de vinho
a vida dói
a guerra tira um braço
a doença leva quilos de saúde e cor
e traz cansaço
como foice aguçada em cada esquina
e o desalento
quase ocupa a parte grande do tempo
e desenham com trejeitos tremeliques
um corpo lindo de morrer
fresco como a horta em madrugada
quando sobre ele cai formosa e branca a geada
em contornos que deixam adivinhar
céu purgatório
fogo inferno
que nudez pouca para quem te quer ver toda
andar singelo perturbante
pernas esguias
num compasso que desafina qualquer sinfonia
o mais puritano dos paroquianos
que sem querer e ao lado da mulher
não deixa de visitar
os teus seios
o teu colo
o teu traseiro
nada que faça simultaneamente
tanto mal e tanto bem
obra de deus e do diabo
que um dia ao ver uma assim
apetitosa e bela
não se aguentou sem experimentar
e tremendo delicadamente
disse:
“perdoai meu Deus por amar esta mulher”
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