segunda-feira, agosto 06, 2007

estreiteza de horizontes

Caminho apertado via definida
de um lado silvas
do outro altos muros
propriedade privada proibida

debaixo dos pés
a dureza das pedras milenares
de calçada romana
lembrando-me que posso tropeçar
na sua uniformidade
se não seguir atento obediente
assustado

como convém aos donos proprietários
que nos enxotam
com cães ladrando ameaçadores
atrás do arame farpado

ah se o vento dissesse àquela gente
que a utilidade das coisas passa
que não há protecção que vença a morte
e a liberdade ajuda tanto a usufruir
a partilha a felicidade

mas o vento sopra e não ensina nada

num sítio tão bonito
pitoresco
debruado em flor de amendoeiras
videiras oliveiras
com um rio que não é grande
mas que tem tanto amor no barulho que faz
ao deslizar
um caminho que podia ter amoras
outros frutos
aventura

e não passa de um túnel sem paisagem
que desemboca num rio pequenino e triste
porque ninguém gosta dele
nem querem saber dos horizontes grandes
aonde as suas águas pequeninas levam

Sem comentários:

Enviar um comentário

Publicação em destaque

Livro "Mais poemas que vos deixo"

Breve comentário: Escrevo hoje apenas meia dúzia de palavras para partilhar a notícia com os estimados leitores do blogue, espalhados ...