sábado, junho 03, 2006

que medos que inseguranças

Que medos que inseguranças transportamos
Nos caminhos da vida
Que quando podemos
Só queremos mesmo é colinho de crianças

Que mal humorado vai senhor soldado
Tão armado empertigado
Lembra alforge cheio de jumento carregado
Que tomba e sofre e mete pena

Quem lhe fez mal
Quem o fez sentir-se assim tão mal amado
Quem o pousou em ondas de violência
Sem primeiro lhe estender
Uma teta
Uma chucha
Uma mão

Aprendi ainda adolescente
"Quem com ferros mata em ferros morre"
Porquê então matar para morrer

Eu sei que à noite em luar de lua cheia
Na tenda de campanha
Há sonhos de menino
Por cima da metralha

E a boca cerrada
Abre então suavemente
Para misturar o ar e a luz com uma lágrima

Aparece decerto alguém
Um corpo de mulher
Um sítio uma traquinice
E a tua boca humana e singela
Aquece com um beijo escondido
A foto guardada em que resgatas
Uma ternura de anjo

Talvez o pesadelo acabe soldadinho
Há tantos braços lábios
Cidades campos
Jardins regatos fontes
Música sol
E eu companheiro
E nós
sedentos receosos na ausência perigosa
Esperando por ti

Que medos que inseguranças transportamos
E no fundo soldadinho
Só nos falta mesmo
É colinho de crianças

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