sábado, junho 03, 2006

semente

Num gesto de amor
Preciso
A terra acolhe a semente
Como mãe que acolhe
Um menino no seu ventre

Agora é dia e anoitece
Logo é noite e arrefece
Dias passam dias vêm
Sol e noite noite e dia
E de dentro da terra a força brota
Quase irrompe
Sente-se a vida em luz
A uns sóis a umas luas
E ali já nenhum sonho ultrapassa o de nascer

Claro que o medo é imenso
Deixar a terra custa
A vida é incógnita aventura
Mas a semente ousa e cresce
Rompe e aparece
O sol a beija e ela gosta

A formiguinha passa qual gigante em cima dela
Esvoaça assustada a joaninha
Sente o primeiro chilrear de um passarinho
Ela pequenina
Tenra ingénua pura
Chora e ri com medo e alegria

À sua volta estende os olhos já consegue ver
E vê que não está sozinha
São muitas as sementes a crescer juntinhas
E a aventura é a mesma para todas
A brisa sopra vem do norte e é fresca

Ela em perninhas de caule flecte e abana

Deixa-se levar à medida que cresce
E porque tem medo toca nas outras
Sempre ondulando tocando
Vai que não vai
Tomba que tomba
Cai que não cai
Dão balalão
Esta é a música que sai

E ganha balanço
Depois confiança
Cresce se cresce

E num verão muito quente
Baloiça não cai
Seara bonita fruto que é grão
Também pão do mundo
Dão balalão

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