Nota breve do autor do blogue:
Aí está um belo poema do século XVII da autoria de Frei António das Chagas. Marcado pelo estilo Barroco, não deixa de ser um trabalho de mestre. Os versos barrocos são caraterizados por utilizarem uma linguagem rebuscada, elaborada, com muitos detalhes. Há também o emprego de muitas figuras de linguagem fazendo um verdadeiro jogo com as palavras. Todavia, goste-se ou não do estilo, a arte poética está lá e de que maneira!!!
Obrigado a quem me enviou via email este belo poema para o relembrar e divulgar aqui no blogue.
Fiquem bem,
António Esperança Pereira
No século XVII, época do Barroco, os artistas eram dados a estes jogos. Às vezes até se ficavam pelos trocadilhos, não curando dos assuntos. Mas este tem assunto bem recheado de saber. Foi escrito no século XVII por Frei António das Chagas (António Fonseca Soares).
CONTA E TEMPO
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
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