domingo, março 29, 2020

Covid19 e António Costa


Excelente texto que me permito partilhar no blog.
É da autoria do Nuno Pinto, brilhante defensor, facilitador, professor, etc. de "Biodanza". em Portugal e no estrangeiro.

O título do texto: 
"COnVIDa a dar as mãos.

COnVIDa a dar as mãos
uma visão biocêntrica da actual crise do Corona Vírus
 
Hoje meditava pela manhã e surgiu este tema de dar as mãos. Como dar as mãos quando não nos podemos tocar? Ontem, celebrei a reação do nosso Primeiro-ministro, António Costa, à ‘repugnante’ postura do ministro das finanças holandês, relativa à necessidade da União Europeia dar uma resposta firme e clara à situação que se vive. Uma resposta que se traduz na capacidade de todos os países da União Europeia darem as mãos e ajudarem-se uns aos outros incondicionalmente. Estamos a lutar contra uma ameaça, que eu vejo como uma oportunidade, e que, ainda assim, está a matar muitos de nós, pior ainda, os mais frágeis.
Assistimos angustiados à escalada da situação em busca de soluções e, mais que nunca, precisamos ‘dar as mãos’ sob a forma de decisões que reforcem os laços, a união e aproximem os povos, e não de inspeções despropositadas que, a justificarem-se, teriam o seu tempo. A falta de bom senso, de solidariedade e, no limite, de amor, não pode acontecer em tempos como este. Por isso, saúdo e celebro a postura de António Costa, que se assumiu como um estandarte de valores que devem nortear o mundo, e vejo até uma postura muito espiritual, muito alinhada com os valores espirituais de um Portugal que se assume cada vez mais como uma pequena candeia que ilumina. Ao contrário dos líderes políticos e económicos da Europa, que mais uma vez resistem e demoram a tomar decisões, talvez porque sejam seguramente difíceis, ou porque nem sequer se vislumbram, pois novas atitudes se impõem, eis que surge o nosso Primeiro-ministro a chamar para o essencial:
‘O primeiro-ministro português considerou “repugnante” e “contrária ao espírito da União Europeia” a declaração do ministro das Finanças holandês, que sugeriu que Espanha fosse investigada por alegar não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia do novo coronavírus.
“É inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar uma resposta dessa natureza”.
"Se não nos respeitamos uns aos outros e se não compreendemos que, perante um desafio comum, temos de ter capacidade de responder em comum, então ninguém percebeu nada do que é a União Europeia", afirmou António Costa.’ (in SOL)
 É aqui que entram as minhas duas referências do momento, reforçando a postura que todos devemos ter. Rolando Toro tantas vezes disse que ‘dar as mãos é um ato político’, na medida em que é o gesto que melhor define e conduz a espécie humana à solidariedade, à cooperação, à construção conjunta. Tal como a Vida, e mais uma vez remetendo para o princípio biocêntrico, que tem precisamente na relação, na colaboração, na simbiose, os seus principais argumentos de sucesso e superação de espécies e sistemas cósmicos.
Já Omraam convida a vivermos o amor incondicional, seguindo o exemplo do Sol, que irradia e ilumina com a sua luz, independentemente das ‘nossas contas’. Amar, cuidar, nutrir, ajudar, apoiar, amparar, não pode ser colocado com um ‘se’ ou um ‘mas’. Não pode ter condições!
 Considero da maior importância que todos nós, agentes de saúde, agentes de transformação social, possamos dar força às posturas pró-vida e censurar – ou, talvez melhor, sensibilizar – de forma clara e assertiva as atitudes que podem colocar em causa a Vida e as vidas humanas, pois disso se trata.
Sinto, como todos, que estes tempos são uma oportunidade, que pode naturalmente levar a uma transformação profunda da sociedade e quero reforçar os valores que me nortearam desde sempre, quer no Ensinamento, quer na Biodanza, e que são precisamente o Amor, a União, a cooperação e a construção conjunta. Algo que se revela na prática da meditação e da oração, mais possível neste momento de quarentena, mas que depois precisa da corporeidade, do ato concreto, da presença que a nossa ‘danza’, que a prática da Biodanza, confere. Como sabem, a prática da Biodanza começa sempre como uma roda de mãos, para reforçar a ideia de que somos uma espécie gregária, comunitária, social e que só assim se aprende. Poderíamos fazer uma dinâmica individual, ou dual, mas não, começamos sempre desta forma, pois é essa a forma como vivemos a vida inteira: em relação. Lamento por aqueles que acham que podem ser indivíduos, separados do resto, que podem isolar-se para crescer, ou evadir-se para se centrarem. Somos relacionais, somos interdependentes e é cada vez mais importante educar nesse sentido. Mais é melhor, e juntos somos mais fortes!
Termino partilhando a minha ânsia por voltar a dar as mãos, literalmente, nas muitas rodas de Biodanza que facilito, pelo país e pelo estrangeiro, dando corpo a esta postura cooperativa, que todos buscamos. Até lá, ‘dou as mãos’ de outra forma, na postura cooperativa e colaborante com as autoridades, respeitando a quarentena e o isolamento social (até dói escrever isto) e as pautas de convivência (manter a distância de outros – esta também dói –, lavar muito as mãos e evitar o contacto das mesmas com o rosto – que difícil!!!), quando saímos para as compras, apoio familiar, ou para um passeio higiénico. Desta forma, ainda que distantes, estamos próximos no cuidado e no ato de amar o próximo! Mais é melhor, e juntos somos mais fortes!
 
Cascais, 28 de Março de 2020
Fiquem bem, de preferência em casa.

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